Amanhã começa Setembro.
Conheço Setembro pelo cheiro, dizia o Eugénio de Andrade.
O tempo de voltarmos a ser gente, como dizia o meu pai.
O ar ainda é quente, mas já cheira a Outono, tarda pouco para ir ao armário buscar uma lãzinha, talvez se encontrem uns trocos num qualquer bolso.
Também não tardam os agasalhos, o entusiasmado fumo dos vendedores de castanhas a espalhar-se pela cidade.
Em Setembro, planta, colhe e cava, que é mês para tudo.
Hão-de apanhar-se as uvas, ficará a cheirar a mosto
.
Ramo curto, vindima longa.
Setembro era também o mês do equinócio, único tempo de Verão em que havia ondas e marés vivas. Para o fim dele, as tardes faziam-se frias e As camisolas ou “pull-overs” eram de uso obrigatório. No fim do mês, choviam as primeiras chuvas e a terra encarnada da Arrábida ganhava um cheiro especial que nunca mais esqueci e que me volta ao nariz de cada vez que oiço a palavra afrodisíaco”, escreveu João Bénard da Costa ele que, por Setembro, como sempre dizia, ia “Arrabidar."
Setembro é o 9º mês do ano e tem 30 dias.
No dia 1 o sol nasce às 06h 6m e o ocaso verifica-se às 19h 07m
No dia 30 o sol nasce às 06h, 31m. e o ocaso verifica-se às 18h 21m.
Durante Setembro o mês diminui 1h 11m.
As mulheres nascidas em Setembro são alegres, afectuosas e sentimentais; procuram agradar e têm muitos adoradores. E apreciam os prazeres.
Os homens são amáveis e simpáticos. Gostam da harmonia e da ordem; são prudentes, indecisos; possuem boas ideias e habilidade na maneira de conduzir os negócios. Cumprem sempre as suas promessas.
Incensos: gardénia
Pedra: safira
Metal: platina
Cor: azul céu.
Na horta continua a sementeira de alhos, cebolas, rabanetes, couve-flor, agriões, alfaces, espinafres de Inverno.
Com as primeiras chuvas plantar morangueiros, regando até pegarem.
No jardim semeiam-se amores-perfeitos, begónias, cravos, gipsofilas, maragaridas.
E fica-se a saber que faltam 116 dias para que seja Natal.
terça-feira, 31 de agosto de 2010
LIVROS PARA FÉRIAS
Não há livros para férias. O que existe são pessoas que só lêem nas férias, mesmo assim, as que lêem.
O meu pai tinha a teoria que ler era uma tarefa de todo o ano e as férias deveriam ser aproveitadas para ler clássicos. Foi assim que leu “À Procura do Tempo Perdido” de Marcel Proust, o “Ulisses”de James Joyce, as “Confissões” de Rousseau, estes são os que me lembro.
As listas de livros para férias que os jornais e revistas publicam nos começos de cada verão são apenas um “fait-divers”.
È normal as gentes dizerem, como desculpa para mão lerem, que durante o ano não têm tempo. Apenas conseguem todo o tempo do mundo para se encharcarem, diariamente, com lixo televisivo.
Ler exige esforço, concentração, vontade, o sabermos que o gosto pela leitura necessita de trabalho, muito trabalho e não se apanha como uma gripe. O meu avô dizia, fia-te nos que gostam de ler e desconfia sempre dos que dizem que não têm tempo para ler, como também me dizia para desconfiar dos abstémios, porque eles escondem qualquer coisa de sinistro.
Sabedorias do meu avô…
Percorre-se o areal de uma praia, passamos pelas suas esplanadas e alguém a ler um livro é como encontrar agulha num palheiro. A lerem jornais ainda se encontram alguns a lerem revistas-cor-de-rosa são como enxames, mas livros…
Sabe-se que, em média, um português não lê um livro por ano.
A incultura permitiu uma ditadura de quase 50 anos, permite agora que qualquer um se arvore em político, em primeiro-ministro, em presidente da república, gente hábil que se formaram em contar histórias a camelos, gente que quando ouve falar de cultura não puxa logo da pistola, mas cospe para o lado…
O fracasso de não pensar é sempre uma consequência do não ler.
Uma professora de liceu desabafava: “intelectuais na escola são os que lêem “A Bola” porque os outros não lêem nada”
Isto foi há meia de dúzia e porventura já nem “A Bola”, hoje, lêem.
Num programa de televisão, de há muitos anos, o Raul Solnado perguntava a um miúdo se gostava de ler e o miúdo respondeu-lhe:
"Evito"
Camilo Castelo Branco deixou escrito:
“A poderosa razão que o lavrador Roberto Rodrigues
opunha para não mandar ensinar a ler o filho, era -
que ele pai também não sabia ler, e mais arranjava
lindamente a sua vida. Esta vinha a ser a razão capi-
tal, reforçada por outras subalternas e praticamente
bastante persuasivas.
- Se o rapaz souber ler – argumentava triunfantemente
o idiota – assim que chegar a idade, às duas por três,
fazem-no jurado, regedor, camarista, juiz ordinário,
juiz de paz, juiz eleito. São favas contadas. Depois,
enquanto ele vai à audiência ou à Camara, a Cabeçais,
daqui uma légua, os criados e os jornaleiros ferram-se
a dormir a sesta de cangalhas à sombra dos carvalhos,
e o arado fica também a dormir no rego. E ademais,
isto de saber ler é meio caminho andado para asno e
vadio.
E citava exemplos, personalizando meia dúzia de bre-
jeiros que sabiam ler e eram mais asnos e vadios que
os analfabetos.”
Terão razão os que dizem que a leitura será sempre uma questão de minorias?
Terão razão os que dizem que não se vive para ler, lê-se somente para melhor viver?
O meu pai tinha a teoria que ler era uma tarefa de todo o ano e as férias deveriam ser aproveitadas para ler clássicos. Foi assim que leu “À Procura do Tempo Perdido” de Marcel Proust, o “Ulisses”de James Joyce, as “Confissões” de Rousseau, estes são os que me lembro.
As listas de livros para férias que os jornais e revistas publicam nos começos de cada verão são apenas um “fait-divers”.
È normal as gentes dizerem, como desculpa para mão lerem, que durante o ano não têm tempo. Apenas conseguem todo o tempo do mundo para se encharcarem, diariamente, com lixo televisivo.
Ler exige esforço, concentração, vontade, o sabermos que o gosto pela leitura necessita de trabalho, muito trabalho e não se apanha como uma gripe. O meu avô dizia, fia-te nos que gostam de ler e desconfia sempre dos que dizem que não têm tempo para ler, como também me dizia para desconfiar dos abstémios, porque eles escondem qualquer coisa de sinistro.
Sabedorias do meu avô…
Percorre-se o areal de uma praia, passamos pelas suas esplanadas e alguém a ler um livro é como encontrar agulha num palheiro. A lerem jornais ainda se encontram alguns a lerem revistas-cor-de-rosa são como enxames, mas livros…
Sabe-se que, em média, um português não lê um livro por ano.
A incultura permitiu uma ditadura de quase 50 anos, permite agora que qualquer um se arvore em político, em primeiro-ministro, em presidente da república, gente hábil que se formaram em contar histórias a camelos, gente que quando ouve falar de cultura não puxa logo da pistola, mas cospe para o lado…
O fracasso de não pensar é sempre uma consequência do não ler.
Uma professora de liceu desabafava: “intelectuais na escola são os que lêem “A Bola” porque os outros não lêem nada”
Isto foi há meia de dúzia e porventura já nem “A Bola”, hoje, lêem.
Num programa de televisão, de há muitos anos, o Raul Solnado perguntava a um miúdo se gostava de ler e o miúdo respondeu-lhe:
"Evito"
Camilo Castelo Branco deixou escrito:
“A poderosa razão que o lavrador Roberto Rodrigues
opunha para não mandar ensinar a ler o filho, era -
que ele pai também não sabia ler, e mais arranjava
lindamente a sua vida. Esta vinha a ser a razão capi-
tal, reforçada por outras subalternas e praticamente
bastante persuasivas.
- Se o rapaz souber ler – argumentava triunfantemente
o idiota – assim que chegar a idade, às duas por três,
fazem-no jurado, regedor, camarista, juiz ordinário,
juiz de paz, juiz eleito. São favas contadas. Depois,
enquanto ele vai à audiência ou à Camara, a Cabeçais,
daqui uma légua, os criados e os jornaleiros ferram-se
a dormir a sesta de cangalhas à sombra dos carvalhos,
e o arado fica também a dormir no rego. E ademais,
isto de saber ler é meio caminho andado para asno e
vadio.
E citava exemplos, personalizando meia dúzia de bre-
jeiros que sabiam ler e eram mais asnos e vadios que
os analfabetos.”
Terão razão os que dizem que a leitura será sempre uma questão de minorias?
Terão razão os que dizem que não se vive para ler, lê-se somente para melhor viver?
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segunda-feira, 30 de agosto de 2010
COISAS EXTINTAS OU EM VIAS DE...
Antigamente Lisboa, em Agosto, era um deserto. Agora está como sempre.
Uma mão chega, e sobra, para contar as vezes que, em Agosto, tirei férias. Setembro quase sempre, Julho algumas vezes.
Os cinemas faziam ciclos de “reprise”, nos restaurantes não havia necessidade de prévia marcação, percorriam-se mais uns passos para encontrar um quiosque de jornais aberto, mas andar, dizem os cardiologistas, faz bem à saúde. Andava-se pela cidade como por uma pacata aldeia do país, sem tropeções nem encontrões, o sol e a claridade das manhãs lisboetas, as livrarias, sem fala-baratos, tinham um ar de recolhimento que permitiam um olhar mais demorado pelos escaparates, um mais longo passar de olhos pelas páginas dos livros.
Mas agora é como nos outros meses. As dívidas das famílias obriga-as à não possibilidade de saírem para onde quer que seja, outros repartem as férias ao longo do ano.
Os Agostos de Lisboa não têm nada a ver com os Agostos de outrora.
Quando Ramalho Ortigão viajando pelas termas e praias de Portugal escrevia a Eça de Queiroz dando conta da frescura, do silêncio dos sítios por onde passava e o Eça, com uma ponta de inveja, a dizer-lhe meu caro, nada que chegue à sombra de um quarteirão de Lisboa.
Legenda: Imagem encontrada aqui.
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TODOS OS ANOS POR AGOSTO
Todos os anos pelo Verão, especialmente em Agosto, os jornais e as televisões ,são férteis em Apresentarem notícias de encerramento de fábricas e empresas. Aproveitam a interrupção de laboração para fecharem. Ninguém sabe se a ida para férias terá um regresso ao trabalho. Os dias do desassossego quando dezenas de proprietários de pequenas e médias empresas – e não só! - decidem encerrar as portas sem aviso. Ou então, os trabalhadores, insolitamente, são avisados por “SMS”.
O “Jornal de Notícias" de hoje, dá conta que os trabalhadores da fábrica de calçado Pinhosil, em Arouca, durante as férias, foram despedidos por telemóvel.
"A partir de segunda-feira, a empresa vai fechar. Vão receber a carta para o desemprego". Foi esta a mensagem enviada quinta-feira passada aos 18 trabalhadores da empresa, sem qualquer assinatura e a partir de um número de telemóvel desconhecido.”
Deonilde Soares já trabalha há oito anos para os mesmos patrões - primeiro na empresa Pinho Oliveira e agora na Pinhosil, ambas em Arouca - e confessa com revolta: "Quando recebi a mensagem fiquei em estado de choque. Não estava a contar com aquilo porque sempre tivemos trabalho, dávamos horas a mais e entregávamos as encomendas a tempo".
Paula Moreira está mais serena, mas não aguenta as lágrimas. "Fiquei desesperada", admite. "Não sei o que vai ser da minha vida, porque tenho três filhos e o meu marido também está sem ganhar há muito tempo".
O que mais chocou Paula foi, no entanto, a "insensibilidade" dos proprietários da Pinhosil ao optarem por uma mensagem escrita: "Eram meus colegas antes de serem meus patrões e nunca esperei isto deles. Fiquei muito desiludida e muito triste. Não sei como vai ser quando passar por eles na rua".
Por pagar está metade do subsídio de Natal de 2009, o subsídio de férias de 2010 e os salários de Julho e Agosto.
A realidade é que não temos um projecto de país, vamos andando assim por aí, conforme o lado de onde sopra o vento e, como muito judiciosamente disse Manuel António Pina, “o desemprego é uma coisa que só se vê da oposição.”
Trabalhadores frente aos portões encerrados das fábricas, olhares vazios de impotência.
Alguém um dia reparou, e fez a pergunta:
“A soma do número de despedidos por falência fraudulenta das empresas, mais as dos que foram por justa causa, a multiplicar pelos que sobrevivem do trabalho precário, e pelos que andam ainda à procura do primeiro emprego, dá como resultado um país?”
domingo, 29 de agosto de 2010
TRAFARIA
Em 1923, num texto que vem “Os Pescadores”, Raul Brandão escrevia:
“Da horrível Trafaria à Caparica gastam-se dezoito minutos num carrinho pela estrada através do pinheiral plantado há pouco”.
Num apontamento, a que deu o título “Amor de Trafaria”, Jorge Listopad escreveu, no “JL”, a 4 de Julho de um ano que o recorte não menciona:
“A Trafaria nunca foi grande coisa mas tinha a poética do banal, a praia com vista para o mar (!) um panorama de Lisboa ocidental, umas tasquinhas de fim-de-semana com saborosa caldeirada, e até grupos de teatro de merecimento. Sobretudo ia-se de barco, ida e volta, numa viagem azulada, simpática, com paragem no meio do caminho, Porto Brandão, para columbófilos apaixonados.
A Trafaria continua a não ser grande coisa: mais parece um advérbio. Não se declina, não se conjuga, não tem plural. Parou. Não melhorou, não piorou, ou se sim, a praia é agora dos cães, dos meninos perdidos, os engenhos industriais tapam as vistas, as tascas transformaram-se em restaurantes, o café da esquina embora não mudasse, parece o café de estação de comboios, ou de garagem de autocarros. Não respira. Não se move.
São assim os nossos pequenos amores de outrora. Ficou o barco: ida e volta, sem descer, sem parar, com rumo contínuo, como no sonho.”
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sábado, 28 de agosto de 2010
EM JUNHO VOLTARÃO
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
FORAM-LHES AOS TOLDOS...
A socialite que frequenta Armação de Pera, segundo reportagem do “Diário de Notícias”, está à beira de um ataque de nervos. Por exigência das novas regras da Administração da Região Hidrográfica, dos 510 toldos que existiam na praia, apenas são permitidos 120.
"Tínhamos sombra garantida desde há 30 anos", desabafou Maria Coelho que frequenta a praia há 30 anos.
Um toldo numa praia algarvia não é bem uma protecção para os raios de sol. É um antro de coscuvilhice, má-lingua, calhandrice pura e dura, que “tias” e “tios”, também a classe política, praticam há longos anos. O sol e o mar interessa-lhes pouco. Importante é o toldozinho, as festas, nas discotecas, pelas noites dentro.
Miguel Ferreira, termina assim a sua reportagem no “Diário de Notícias”:
“Mas, com o habitual pico sentido em Agosto, crescem as reclamações, até porque, como é reconhecido por todos, Armação de Pêra tem uma praia que sofre uma pressão anormal em relação ao resto da região do Algarve, onde é difícil vislumbrar uma ponta de areia. O areal está pintado de gente e quem vê a cena de longe fica com a sensação de que só cabem tantas pessoas porque a maioria está de pé”
Em dramático contraste, a mesma edição do “Diário de Notícias”, numa outra página, revelava que no decorrer dos primeiros seis meses do ano caíram no desemprego mais 61 200 trabalhadores, qualquer coisa como 338 por dia.
A taxa de desemprego mantém-se nos 10,6% e dos 590 mil sem trabalho, 55% são de longa duração.
Demagogicamente escrevendo, o que é isto comparado com menos 390 toldos em Armação de Pera?...
Legenda: Imagem encontrada aqui.
ORLA MARÍTIMA
" O tempo das suaves raparigas
é junto ao mar ao longo da avenida
ao sol dos solitários dias de dezembro
Tudo ali pára como nas fotografias
É a tarde de agosto o rio a música o teu rosto
alegre e jovem hoje ainda quando tudo ia mudar
És tu surges de branco pela rua antigamente
noite iluminada noite de nuvens ó melhor mulher
(E nos alpes o cansado humanista canta alegremente)
«Mudança possui tudo»? Nada muda
nem sequer o cultor dos sistemáticos cuidados
levanta a dobra da tragédia nestas brancas horas
Deus anda à beira de água calça arregaçada
como um homem se deita como um homem se levanta
Somos crianças feitas para grandes férias
pássaros pedradas de calor
atiradas ao frio em redor
pássaros compêndios da vida
e morte resumida agasalhada em asas
Ali fica o retrato destes dias
gestos e pensamentos tudo fixo
Manhã dos outros não nossa manhã
pagão solar de uma alegria calma
De terra vem a água e da água a alma
o tempo é a maré que leva e traz
o mar às praias onde eternamente somos
Sabemos agora em que medida merecemos a vida"
Ruy Belo, em "O Tempo das Suaves Raparigas e Outros Poemas de aAmor", Assírio & Alvim, 2010
Legenda: Imagem encontrada aqui.
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
POSTAIS SEM SELO
Não sei se, em criança, foste alguma vez para a beira-mar fazer buracos na areia. Começas a cavar com todo o entusiasmo, tentas cavar ainda mais fundo, mas, por mais areia que tires, o buraco mantém-se sempre na mesma, devido à inflitração da água. Cavas, cavas e, como Sísifo, estás sempre no mesmo sítio. A natureza não gosta do vazio, mal o vazio se cria, volta a enchê-lo. Enche-o com areia, folhas, microrganismos, água, ou entulho, porque o vazio não faz parte dos seus projectos.Também o homem, nos últimos três séculos de história, começou com grande empenho a esvaziar o céu da presença do Criador e, como a criança da praia, teve, durante alguns instantes, a certeza de que conseguira. O céu está vazio, o homem é finalmente livre. Livre do preconceito, livre de terrores ancestrais e da escravidão. Será mesmo assim? Ou será que o céu vazio se encheu imediatamente de outras coisas? De venusianos, marcianos, árvores-guia e animais-guia, minerais e palavras mágicas?
Susanna Tamaro em O Fogo e o Vento
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SÃO CARACÓIS, SÃO CARACOLITOS
A “saison”dos caracóis está a chegar ao fim.
Dizem, os entendidos, que os melhores caracóis de Lisboa são os do “Filho do Menino Julio dos Caracóis”: os caracóis são lavados de um dia para o outro, ficam trinta minutos a coser em lume brando, junta-se-lhe cebola, alho e sal e o resto, e é aqui que reside o segredo da casa, a chave que só a gente de confiança do Filho do Menino Júlio, sabe como se roda. Ou seja: o ramo de orégãos e a volta que terá de ser dada, o tempo em que a ervinha percorre a tachada de caracóis
Não sendo os caracóis a minha chávena de chá, apenas os petisco, com o fim de acompanhar uns fininhos, uma garrafa de branco.
“O Filho do Menino Júlio dos Caracóis”, Vasco Rodrigues de seu nome, é um sportinguista de todos os costados, e. como tal, rodeou a sala de mastigação com enormes painéis fotográficos que são as bancadas do Estádio Alvalade XXI.
Os benfiquistas, e não só, diziam de si para si que, se para o outro Paris valia bem uma missa, os caracóis do “Filho do Menino Júlio dos Caracóis” mereciam o sacrifício de estar por ali a comê-los rodeado pelas bancadas de Alvalade.
Acontece que o negócio cresceu desalmadamente e o “Filho do Menino Júlio dos Caracóis” , para corresponder às exigências, viu-se na necessidade de comprar o estabelecimento ao lado para alargar as instalações. Mas ao fazê-lo, retirou parte dos painéis do “Alvalade XXI” para os colocar na nova sala. Eu, que até sou benfiquista, terei que dizer que o “Filho do Menino Júlio dos Caracóis” deu um tiro no pé. Não na conta bancária, of course, mas a casa perdeu toda a graça, aquele “kitsch” que lhe ficava a matar.
Acresce que os caracóis já não têm a qualidade de outros tempos. Talvez o assassínio da decoração tenha a ver com tudo isso. Ou, recorrendo de novo aos especialistas, há a dizer que os caracóis perderam qualidade, porque são importados de Marrocos.
É esta a triste sina, de, todos os dias, assistirmos à destruição do que de típico, de diferente, as tascas de Lisboa possuíam. Não aparecemos durante uns tempos e quando se regressa, já nada é como era…
Dizem, os entendidos, que os melhores caracóis de Lisboa são os do “Filho do Menino Julio dos Caracóis”: os caracóis são lavados de um dia para o outro, ficam trinta minutos a coser em lume brando, junta-se-lhe cebola, alho e sal e o resto, e é aqui que reside o segredo da casa, a chave que só a gente de confiança do Filho do Menino Júlio, sabe como se roda. Ou seja: o ramo de orégãos e a volta que terá de ser dada, o tempo em que a ervinha percorre a tachada de caracóis
Não sendo os caracóis a minha chávena de chá, apenas os petisco, com o fim de acompanhar uns fininhos, uma garrafa de branco.
“O Filho do Menino Júlio dos Caracóis”, Vasco Rodrigues de seu nome, é um sportinguista de todos os costados, e. como tal, rodeou a sala de mastigação com enormes painéis fotográficos que são as bancadas do Estádio Alvalade XXI.
Os benfiquistas, e não só, diziam de si para si que, se para o outro Paris valia bem uma missa, os caracóis do “Filho do Menino Júlio dos Caracóis” mereciam o sacrifício de estar por ali a comê-los rodeado pelas bancadas de Alvalade.
Acontece que o negócio cresceu desalmadamente e o “Filho do Menino Júlio dos Caracóis” , para corresponder às exigências, viu-se na necessidade de comprar o estabelecimento ao lado para alargar as instalações. Mas ao fazê-lo, retirou parte dos painéis do “Alvalade XXI” para os colocar na nova sala. Eu, que até sou benfiquista, terei que dizer que o “Filho do Menino Júlio dos Caracóis” deu um tiro no pé. Não na conta bancária, of course, mas a casa perdeu toda a graça, aquele “kitsch” que lhe ficava a matar.
Acresce que os caracóis já não têm a qualidade de outros tempos. Talvez o assassínio da decoração tenha a ver com tudo isso. Ou, recorrendo de novo aos especialistas, há a dizer que os caracóis perderam qualidade, porque são importados de Marrocos.
É esta a triste sina, de, todos os dias, assistirmos à destruição do que de típico, de diferente, as tascas de Lisboa possuíam. Não aparecemos durante uns tempos e quando se regressa, já nada é como era…
Coisas da globalização, ou lá o que lhe quiserem chamar…
Pela parte que me toca, faço “requiem” aos caracóis do “Filho do Menino Júlio dos Caracóis". Só lá voltarei quando for reposta a legalidade, quando as bancadas do “Alvalade XXI” voltarem a rodear a antiga sala.
E para finalizar a prosa, com uma grande chapelada ao Hélder Pinho, vou aos “Textos Locais” do Luiz Pacheco sacar este delicioso pedacinho:
“Mas nem tudo são desgraças: eis que me trazem caracóis. É o meu puto um velhaco de quatro anos que foge de casa manhã cedo e por lá se governa todo o dia sei lá como, que traz caracóis para o velho abade do Pai. Caracóis, sabeis, é comida de sustância, peitoral, faz (dizem) tesão.”
Legenda: “O Filho do Menino Júlio dos Caracóis”, Rua Vale Formoso de Cima nº 140.
Pela parte que me toca, faço “requiem” aos caracóis do “Filho do Menino Júlio dos Caracóis". Só lá voltarei quando for reposta a legalidade, quando as bancadas do “Alvalade XXI” voltarem a rodear a antiga sala.
E para finalizar a prosa, com uma grande chapelada ao Hélder Pinho, vou aos “Textos Locais” do Luiz Pacheco sacar este delicioso pedacinho:
“Mas nem tudo são desgraças: eis que me trazem caracóis. É o meu puto um velhaco de quatro anos que foge de casa manhã cedo e por lá se governa todo o dia sei lá como, que traz caracóis para o velho abade do Pai. Caracóis, sabeis, é comida de sustância, peitoral, faz (dizem) tesão.”
Legenda: “O Filho do Menino Júlio dos Caracóis”, Rua Vale Formoso de Cima nº 140.
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OLHARES
Sobreiro, Mafra.
Palavras de Jorge Amado sobre Mestre João Franco:
“… a aldeia parece uma festa, no colorido, na graça, no riso, na invenção que, no entanto, é ao mesmo tempo sábio de profundo conhecimento e traz no coração e nos dedos o dom da criação. Nascem para criar beleza, para dar de si aos demais, para tornar mais rico o património do povo português com as suas imagens, suas figuras de barro, seus vasos utilitários, seus bois de longos cornos, seus peixes leves como versos, seus porcos e galos feitos de terra e de lirismo. Parece uma festa, a aldeia…”
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
DEIXEM-ME AO MENOS O MAR
Pavese em O Diabo Sobre as Colinas:
Da minha infância só me ficara o Verão.
Cesare Pavese não se cansou de celebrar o Verão em livros como Férias de Agosto, A Praia, O Verão.
Jorge Silva Melo fez um filme, livremente, baseado em A Praia.
Chamou-lhe Agosto.
Ainda Pavese: basta-me a companhia do mar. Não quero ninguém. Na vida não tenho nada de meu. Deixem-me ao menos o mar.
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terça-feira, 24 de agosto de 2010
ÓCULOS DE SOL
os meus verões são tão diversos como diversa tem sido toda a minha vida arroz de pimentos e pasteis de bacalhau aos domingos até algés ou cruz quebrada, o mar da infância ficava longe castelos na areia anos mais tarde dois meses na trafaria em casa alugada a pescadores, quando as férias eram grandes uma juke box na esplanada do marques o lucho gatica a cantar o moliendo café o marino marini a cantar honeymoon também um barrote espetado no meio do areal, um alti-falante no topo a ouvir-se o armando marques ferreira a apresentar o programa da manhã do rádio clube português as canções das praias de todos os anos uma kanimambo pelo joão maria tudela a lenda da conchinha da celly campelo o ouro negro setembro chegou vamo-nos separar os golfinhos a percorrer o tejo a caminho da barra os bailes de despedida dos banhistas no salão de festas dos bombeiros e agora senhoras minhas meus senhores o conjunto faz um pequeno intervalo damas ao bufete um enorme alguidar de zinco cheio de gelo e garrafas de vinho branco camilo alves, cada taça vinte ecinco tostões dois para esquerda um para a direita directrizes para o pezudo que sempre fui as férias da infância não se repetem o ruy belo que esperava pelo verão como por outra vida depois passei a odiar, o verão dou-me muito mal com o calor longe muito longe da sophia que dizia que metade da vida dela era maresia e eu a acreditar baixinho que o verão é um território do pecado, todos os pecados se confundem e de pecados fujo a sete pés e gozar que nem um perdido com a marilyn monroe num filme do billy wilder a dizer ao vizinho de baixo que se vai vestir à cozinha, o vizinho na cozinha porquê e ela a dizer que no verão anda nua pela casa e põe as cuecas no congelador o verão prestes a chegar o meu pai a dizer-me que em setembro voltamos a ser gente e sempre sempre os gatos selvagens e o verão a chegar sur la plage por fim mas não como última coisa há longos anos que deixei de passar férias e apenas sinto que as férias é que passam por mim a uma velocidade tão louca e muito longe da calma e serenidade das férias do sr. hulot ou brigitte bardot em 1955 de biquíni em saint-tropez, aquele grande sorriso e o resto que poderá ser um refresco de limão, muito gelo um dedal de gin e lembrar-me ainda que nunca usei óculos de sol…
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
ANTIGAMENTE...
Às voltas com o enviar “posts” para o “Cais do Olhar”, deu para lembrar um delicioso texto de José António Barreiros, publicado, em 20 de Janeiro de 2009, no seu blogue “ Revolta das Palavras”:
"A XICA"
Antigamente escreviam-se cartas que seguiam pela mala postal do próximo vapor. Quando era muito urgente telegrafava-se.
Antigamente os sentimentos cumpriam o horários dos paquetes, dos comboios, dos correios.
Antigamente a hora de chegada do carteiro era o momento mais ansiado, mais odiado do dia.
Antigamente o abrir de um envelope era o instante do aperto do coração.
Antigamente escrevia-se em papel de carta muito fino para cada missiva não pesar mais, às vezes aproveitando o verso e o reverso da ténue folhinha.
Antigamente os que não escreviam, aproveitavam um canto final do que estava livre para acrescentarem os beijinhos, os abraços, os xis, as recomendações de todos os que se associavam de modo breve ao acto de se ter escrito.
Antigamente algumas cartas traziam fotografias, sujeitas à curiosidade, outras notas de banco escondidas, com risco de extravio.
Antigamente havia cartas perfumadas, cartas tarjadas de negro, cartas comerciais com facturas e outros efeitos na praça.
Hoje temos a internet e com ela o estarmos instantaneamente a toda a hora e por toda a forma em todo o lado.
Quando a rede falha e estamos longe, sentimo-nos abandonados à nossa sorte. Nem um aerograma, ao menos, em correio aéreo, nós por cá todos bem, saudades à mamã, à Xica e aos meninos...
PELA BEIRA-MAR
Costa da Caparica, Agosto de 2010.
Pela beira-mar, maré vazia, acompanhei-os durante algum tempo.
Ela apanhou umas conchinhas que meteu no saco de plástico. Ele, “mariconera” ao ombro, possivelmente uma máquina de calcular dentro, não deixou de falar ao telemóvel.
Os negócios, grandes ou pequenos, não se podem perder.
Poderá ele imaginar umas férias sem telemóvel?
Ela continuará a apanhar conchinhas que, sabe-se, quando chegarem a casa não terão o mesmo brilho de quando estavam na areia da praia mas sempre é algo mais bonito, agradável do que passar férias a falar ao telemóvel.
Quando a máquina disparou, deixei-os.
Tanto quanto foi possível alcançar, não largou o telemóvel.
domingo, 22 de agosto de 2010
SEM SOMBRA DE PECADO
sábado, 21 de agosto de 2010
A HORA DAS NOVELAS
Banda sonora da telenovela “Dona Xepa”, 1977
A Xepa – Ruy Maurity
Opus Dois – António Carlos e Jocafi
Feira Livre – Ataulfo Jr.
Dom de Iludir – Maria Creuza
Tema da Vila – Orquestra Som Livre
Pela Luz dos Teus Olhos – Miucha e António Carlos Jobim
Tudo Menos Amor – Martinho da Vila
Eu Gosto de Você – Ricardo
Tema do Assobiador – Sá e Guarabyra
Pensando Nela – “Dom” Beto
A Xepa – Ruy Maurity
Opus Dois – António Carlos e Jocafi
Feira Livre – Ataulfo Jr.
Dom de Iludir – Maria Creuza
Tema da Vila – Orquestra Som Livre
Pela Luz dos Teus Olhos – Miucha e António Carlos Jobim
Tudo Menos Amor – Martinho da Vila
Eu Gosto de Você – Ricardo
Tema do Assobiador – Sá e Guarabyra
Pensando Nela – “Dom” Beto
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
BOM SENSO...BOM GOSTO...
O que leva o “Estrela da Manhã”, Mini-Mercado e Snack”, em Vale Cavala a proibir a entrada a clientes em tronco nu?
Uma boa pergunta a fazer, e uma resposta pronta:
“Por uma questão de bom senso. Cada macaco no seu galho. A praia está lá ao fundo e este é um estabelecimento com mesas onde se podem tomar refeições. Não me parece de bom gosto, higiénico, estar a comer e, em redor, presenciar exemplares, alguns péssimos exemplares, de tronco nu ou em biquíni.
Se perco clientela?
É provável que perca um ou outro, mas há coisas que, onde eu esteja, gosto que aconteçam: a praia acaba lá em baixo, aqui é o meu estabelecimento.”
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
POSTAIS SEM SELO
“Uma das minhas mais velhas ambições, só compreensível para quem viveu em Lisboa nos anos 50, é passar as férias à janela, de pijama de flanela às riscas, a cuspir para a rua e a ler “A Bola”.
Vasco Pulido Valente em “Diário de Notícias”, s/d
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terça-feira, 17 de agosto de 2010
DO BAÚ DOS POSTAIS
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
QUOTIDIANOS..
Não sei se um dia nos curamos desta mania obsessiva das férias.
Tem oitenta anos e perguntam-lhe se vai de férias.
Respondeu que estava de férias, estava de férias há tantos anos, estava sempre de férias.:
“Se as pessoas soubessem como é aborrecido, estar de férias o ano inteiro”.
É isto a velhice: “a long, long holiday”.
Depois disse que gostava de morrer: estava cansada das férias.
Tem oitenta anos e perguntam-lhe se vai de férias.
Respondeu que estava de férias, estava de férias há tantos anos, estava sempre de férias.:
“Se as pessoas soubessem como é aborrecido, estar de férias o ano inteiro”.
É isto a velhice: “a long, long holiday”.
Depois disse que gostava de morrer: estava cansada das férias.
domingo, 15 de agosto de 2010
O FINDAR DA SAISON
Há uns anos atrás, uma leitora, delicadamente, pediu a Eduardo Pitta informações sobre o Algarve.
No seu blogue “Da Literatura”, o autor respondeu:
“Não sou especialista, não posso ajudar. Apenas adiantar o calendário local (i.e., Almancil, Quinta do Lago, Vale Garrão, Pine Cliffs e Vale de Lobo) que estabelece a saison entre 25 de Julho e 14 de Agosto. Quem se preocupa com o “Who’s Who” não deve ser visto no Algarve depois do meio-dia de 15 de Agosto. No limite, um almoço tardio no “Gigi”. Tem hoje a sua derradeira oportunidade, minha cara. Depois é tudo ao molho e fé em Deus. Silly…? Não diria tanto. As corporações têm regras. Eu, se fosse a si, ia para a Riviera italiana. Paga o mesmo, é melhor servida, e não tem de preocupar-se com parecer bem. Mais do que isto não lhe sei dizer.”
sábado, 14 de agosto de 2010
UM BEIJO PARA A ETERNIDADE
A 14 de Agosto de 1945, o fotógrafo Alfred Eisenstaedt, com a sua “Leica” captou, na Times Square, em Nova Iorque, o arrebatado beijo de um marinheiro a uma enfermeira.
Uma multidão festejava a rendição dos japoneses, que determinaria o fim da 2ª Guerra Mundial.
A fotografia foi publicada na capa da revista “Life”, correu mundo e consta da lista dos beijos mais famosos do Século XX.
Eisendstaedt não anotou o nome dos dois protagonistas e durante mais de 60 anos as identidades foram matéria de disputa.
Não se conheciam, beijaram-se e cada um seguiu o seu caminho.
A enfermeira foi identificada, anos depois, como Edith Shain. Em 1980,então com 62 anos, enviou uma carta a Eisenstaedt:
"Sou eu. Nunca o assumi publicamente porque podia colocar-me numa posição pouco digna. Mas agora os tempos mudaram"
Edith Stain morreu no dia 23 de Junho de 2010. Tinha 91 anos.
A “Life” lançou o desafio para identificar o marinheiro, mas encontrar a sua identidade foi mais difícil.
Só após prolongados estudos, Lois Gibson, especialista forense, acabou por identificar o marinheiro como sendo Glenn McDuffe, que sempre reclamara ser ele o marinheiro da fotografia.
McDuffe, agora com 85 anos, luta contra um cancro, mas mostrou-se feliz com a revelação:
"Pensei que ia morrer antes de resolver esta questão. Era o meu maior medo. Estava no metropolitano quando soube da notícia. Fiquei tão feliz que saí para a rua. Quando vi a enfermeira, corri para ela e beijei-a. Depois do beijo, voltei para o metropolitano e segui para Brooklyn."
Histórias simples.
Uma multidão festejava a rendição dos japoneses, que determinaria o fim da 2ª Guerra Mundial.
A fotografia foi publicada na capa da revista “Life”, correu mundo e consta da lista dos beijos mais famosos do Século XX.
Eisendstaedt não anotou o nome dos dois protagonistas e durante mais de 60 anos as identidades foram matéria de disputa.
Não se conheciam, beijaram-se e cada um seguiu o seu caminho.
A enfermeira foi identificada, anos depois, como Edith Shain. Em 1980,então com 62 anos, enviou uma carta a Eisenstaedt:
"Sou eu. Nunca o assumi publicamente porque podia colocar-me numa posição pouco digna. Mas agora os tempos mudaram"
Edith Stain morreu no dia 23 de Junho de 2010. Tinha 91 anos.
A “Life” lançou o desafio para identificar o marinheiro, mas encontrar a sua identidade foi mais difícil.
Só após prolongados estudos, Lois Gibson, especialista forense, acabou por identificar o marinheiro como sendo Glenn McDuffe, que sempre reclamara ser ele o marinheiro da fotografia.
McDuffe, agora com 85 anos, luta contra um cancro, mas mostrou-se feliz com a revelação:
"Pensei que ia morrer antes de resolver esta questão. Era o meu maior medo. Estava no metropolitano quando soube da notícia. Fiquei tão feliz que saí para a rua. Quando vi a enfermeira, corri para ela e beijei-a. Depois do beijo, voltei para o metropolitano e segui para Brooklyn."
Histórias simples.
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
POSTAIS SEM SELO
O ano de trabalho foi inventado para se descansar das férias, porque não existe coisa mais extenuante do que trinta dias sem fazer nada.
António Lobo Antunes em "O Jornal", 24 de Agosto de 1984
Legenda: "Une Baignade à Asnières", quadro de Georges Seurat
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quinta-feira, 12 de agosto de 2010
VAMOS SÓ ALI... E JÁ VOLTAMOS
Durante uns dias vamos estar por ali.
Não são férias, há alguns anos que estamos de férias, apenas um mudar de ares.
Como não queremos perder a companhia dos nossos milhões de leitores, vamos tentar enviar um olá, assim como serviços mínimos, não sabemos como, talvez a partir de um qualquer posto público., mas vamos tentar.
Se não conseguirmos, saibam que voltaremos por 21 de Agosto.
Volte também!
Não são férias, há alguns anos que estamos de férias, apenas um mudar de ares.
Como não queremos perder a companhia dos nossos milhões de leitores, vamos tentar enviar um olá, assim como serviços mínimos, não sabemos como, talvez a partir de um qualquer posto público., mas vamos tentar.
Se não conseguirmos, saibam que voltaremos por 21 de Agosto.
Volte também!
O QU'É QUE VA NO PIOLHO?
Verão.
As noites escaldantes deste Agosto.
O quanto me tenho lembrado de “O Pecado Mora ao Lado” de Billy Wilder.
Quando Marilyn Monroe, a regar as flores, numa daquelas noites do Verão de Manhattan, quase espeta com um tomateiro na cabeça de Tom Ewel que, no terraço em baixo, lê o jornal.
Ele levanta-secom uma fúria desmedida, mas depara com o rosto de Marilyn entre os vasos de flores, e convida-a para uma bebida.
Marilyn aceita o convite e acontece este delicioso diálogo:
- Vou à cozinha vestir-me.
- À cozinha?
- Sim! Quando está calor guardo a roupa interior no congelador.
As noites escaldantes deste Agosto.
O quanto me tenho lembrado de “O Pecado Mora ao Lado” de Billy Wilder.
Quando Marilyn Monroe, a regar as flores, numa daquelas noites do Verão de Manhattan, quase espeta com um tomateiro na cabeça de Tom Ewel que, no terraço em baixo, lê o jornal.
Ele levanta-secom uma fúria desmedida, mas depara com o rosto de Marilyn entre os vasos de flores, e convida-a para uma bebida.
Marilyn aceita o convite e acontece este delicioso diálogo:
- Vou à cozinha vestir-me.
- À cozinha?
- Sim! Quando está calor guardo a roupa interior no congelador.
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Verão
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
LAURA VEIRS CANTA JOSÉ SARAMAGO
Uma pequena contribuição e, sobretudo, uma sincera homenagem ao trabalho que “Sammy, o Paquete” tem vindo a desenvolver neste “blogue” em prol da Cultura Portuguesa. Eu, que faço questão de ler tudo de fio a pavio, ainda estou muito atrasado, mas hei-de recuperar… É que só abro o computador no emprego e não tenho o direito de roubar muitas horas ao Patrão!
Uma vedeta da “Modern Folk” norte-americana a cantar um autor português não deverá ser coisa nada habitual. Aconteceu com esta jovem bióloga do Colorado e com o tema “Don’t Lose Yourself”, que faz parte do seu quinto ou sexto disco a solo, este “Saltbreakers” (2007) que aqui vos mostro.
A rapariga contou, algures, que leu o “Ensaio Sobre a Cegueira” (“Blindness”, na tradução americana) e ficou de tal modo maravilhada, que assim que fechou o livro pediu autorização ao autor para utilizar algumas frases soltas do mesmo e botou cá para fora essa canção, em homenagem e “inspired by José Saramago”. E a Pilar que se acautelasse…
Fosse eu “Sammy” e esse artigo, que li numa dessas revistas estrangeiras de música, estaria agora recortadinho, arquivado no sítio próprio e pronto para ser aqui mostrado a esta Comunidade de Leitores. Mas como não sou, entrou-me por um olho e saiu pelo outro. Na altura achei graça mas, agora, já pouco me lembro do que li…
Quanto à genealogia desta música, essa é que não suscita dúvidas a ninguém: a inspiração vem direitinha da Suzanne Vega, a qual, por sua vez, a roubou à muito injustamente desconhecida Christine Lavin.
Um abraço à Comunidade e Boas Férias!
Colaboração de Luis Miguel Mira
E AIDA MAIS MORAL... MAIS COSTUMES...
Aqui, e aqui, andámos à volta do assunto.
Esta é "Dos jornais" de ontem:
"O PS da Póvoa de Varzim mostrou-se, este sábado, contra a alegada prática de «actos sexuais» na praia da Estrela, uma praia de naturistas.«Há aqui um conjunto de pessoas que, e ao abrigo desta capa (nudismo), utilizam este espaço público, não classificado, para práticas sexuais», declarou em conferência de imprensa o vereador Renato Matos.o autarca adiantou que vai levar o caso à Câmara Municipal, liderada pelo PSD.A Assembleia de freguesia da Estrela também se insurgiu contra as práticas naturistas naquela praia, alegando que a mesma «não tem condições para o naturismo». «E, caso eles continuem aqui, a população pode optar pela violência», avisou José Costa."
Esta é "Dos jornais" de ontem:
"O PS da Póvoa de Varzim mostrou-se, este sábado, contra a alegada prática de «actos sexuais» na praia da Estrela, uma praia de naturistas.«Há aqui um conjunto de pessoas que, e ao abrigo desta capa (nudismo), utilizam este espaço público, não classificado, para práticas sexuais», declarou em conferência de imprensa o vereador Renato Matos.o autarca adiantou que vai levar o caso à Câmara Municipal, liderada pelo PSD.A Assembleia de freguesia da Estrela também se insurgiu contra as práticas naturistas naquela praia, alegando que a mesma «não tem condições para o naturismo». «E, caso eles continuem aqui, a população pode optar pela violência», avisou José Costa."
terça-feira, 10 de agosto de 2010
AINDA A MORAL...OS BONS COSTUMES...
Corria o ano de 1953, quando a Camara Municipal de Lisboa, fez publicar a Portaria nº 69.035, destinada a aumentar o policiamento em zonas, então, consideradas “quentes”.
Assim:
“Verificando-se o aumento de actos atentórios à moral e aos bons costumes, que dia a dia se vêm verificando nos logradouros públicos e jardins e, em especial, nas zonas florestais de Montes Claros, Parque Silva Porto, Mata da Trafaria, Jardim Botânico, Tapada da Ajuda e outros, determina-se à Polícia e Guardas Florestais, uma permanente vigilância sobre as pessoas que procuram frondosas vegetações para a prática de actos que aventem contra a moral e os bons costumes. Assim, e em aditamento àquela Portaria nº 69.035, estabelece-se e determina-se que o artº 48 tenha o cumprimento seguinte:
1º) – Mão na mão: 2$50
2º) – Mão naquilo: 15$00
3º) – Aquilo na mão: 30$00
4º) – Aquilo naquilo: 50$00
5º) – Aquilo atrás daquilo: 100$00
6º) – Com a língua naquilo: 150$00 de multa, preso e fotografado.”
Foi este o Portugal em que muitos nasceram e cresceram: um repressão de idade média, uma perseguição “àquilo” e “naquilo”.
As escolas, mesmo na instrução primária, eram separadas. Entre rapazes e raparigas uma distinção, uma separação absoluta. Os rapazes na rua, as raparigas olhando através das cortinas das janelas.
O Portugal retratado naquele poema de Alexandre O’ Neill:
“Ó Portugal, se fosses só três sílabas,
linda vista para o mar,
Minho verde, Algarve de cal,
jerico rapando o espinhaço da terra,
surdo e miudinho,
moinho a braços com um vento
testarudo, mas embolado e, afinal, amigo,
se fosses só o sal, o sol, o sul,
o ladino pardal,
o manso boi coloquial,
a rechinante sardinha,
a desancada varina,
o plumitivo ladrilhado de lindos adjectivos,
a muda queixa amendoada
duns olhos pestanítidos,
se fosses só a cegarrega do estio, dos estilos,
o ferrugento cão asmático das praias,
o grilo engaiolado, a grila no lábio,
o calendário na parede, o emblema na lapela,
ó Portugal, se fosses só três sílabas
de plástico, que era mais barato!
Doceiras de Amarante, barristas de Barcelos,
rendeiras de Viana, toureiros da Golegã,
não há "papo-de-anjo" que seja o meu derriço,
galo que cante a cores na minha prateleira,
alvura arrendada para o meu devaneio,
bandarilha que possa enfeitar-me o cachaço.
Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo,
golpe até ao osso, fome sem entretém,
perdigueiro marrado e sem narizes, sem perdizes,
rocim engraxado,
feira cabisbaixa,
meu remorso,
meu remorso de todos nós...”
Já agora por que não continuar, um pouco mais, com O’Neill:
“Você tem-me cavalgado
seu safado!
Você tem-me cavalgado,
mas nem por isso me pôs
a pensar como você.
Que uma coisa pensa o cavalo;
outra quem está a montá-lo.”
Assim:
“Verificando-se o aumento de actos atentórios à moral e aos bons costumes, que dia a dia se vêm verificando nos logradouros públicos e jardins e, em especial, nas zonas florestais de Montes Claros, Parque Silva Porto, Mata da Trafaria, Jardim Botânico, Tapada da Ajuda e outros, determina-se à Polícia e Guardas Florestais, uma permanente vigilância sobre as pessoas que procuram frondosas vegetações para a prática de actos que aventem contra a moral e os bons costumes. Assim, e em aditamento àquela Portaria nº 69.035, estabelece-se e determina-se que o artº 48 tenha o cumprimento seguinte:
1º) – Mão na mão: 2$50
2º) – Mão naquilo: 15$00
3º) – Aquilo na mão: 30$00
4º) – Aquilo naquilo: 50$00
5º) – Aquilo atrás daquilo: 100$00
6º) – Com a língua naquilo: 150$00 de multa, preso e fotografado.”
Foi este o Portugal em que muitos nasceram e cresceram: um repressão de idade média, uma perseguição “àquilo” e “naquilo”.
As escolas, mesmo na instrução primária, eram separadas. Entre rapazes e raparigas uma distinção, uma separação absoluta. Os rapazes na rua, as raparigas olhando através das cortinas das janelas.
O Portugal retratado naquele poema de Alexandre O’ Neill:
“Ó Portugal, se fosses só três sílabas,
linda vista para o mar,
Minho verde, Algarve de cal,
jerico rapando o espinhaço da terra,
surdo e miudinho,
moinho a braços com um vento
testarudo, mas embolado e, afinal, amigo,
se fosses só o sal, o sol, o sul,
o ladino pardal,
o manso boi coloquial,
a rechinante sardinha,
a desancada varina,
o plumitivo ladrilhado de lindos adjectivos,
a muda queixa amendoada
duns olhos pestanítidos,
se fosses só a cegarrega do estio, dos estilos,
o ferrugento cão asmático das praias,
o grilo engaiolado, a grila no lábio,
o calendário na parede, o emblema na lapela,
ó Portugal, se fosses só três sílabas
de plástico, que era mais barato!
Doceiras de Amarante, barristas de Barcelos,
rendeiras de Viana, toureiros da Golegã,
não há "papo-de-anjo" que seja o meu derriço,
galo que cante a cores na minha prateleira,
alvura arrendada para o meu devaneio,
bandarilha que possa enfeitar-me o cachaço.
Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo,
golpe até ao osso, fome sem entretém,
perdigueiro marrado e sem narizes, sem perdizes,
rocim engraxado,
feira cabisbaixa,
meu remorso,
meu remorso de todos nós...”
Já agora por que não continuar, um pouco mais, com O’Neill:
“Você tem-me cavalgado
seu safado!
Você tem-me cavalgado,
mas nem por isso me pôs
a pensar como você.
Que uma coisa pensa o cavalo;
outra quem está a montá-lo.”
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
UM HOMEM DECENTE
Crónica de Manuel António Pina, no "Jornal de Notícias" de hoje, sobre a morte do militante comunista António Dias Lourenço:
"Li num blogue insuspeito de simpatias ideológicas pelo PCP a expressão "um homem decente" para caracterizar o desaparecido dirigente comunista António Dias Lourenço, e vi depois a mesma expressão repetida mais do que uma vez em outros dispersos lugares. Caracterizar é distinguir. Numa sociedade minimamente saudável do ponto de vista moral, em que a decência, e não a falta de escrúpulos, fosse a regra, a expressão "um homem decente" não distinguiria. Só em sociedades moralmente doentes como aquela em que hoje vivemos a decência se torna uma característica distintiva e expressões como "um homem decente" têm conteúdo informativo. Dias Lourenço dedicou toda a vida (17 anos dela passados nas prisões de Salazar, outros tantos na clandestinidade) a bater-se por ideias e valores e não por interesses pessoais. Quase 40 anos depois do 25 de Abril, em tempos, como estes, de recém-chegados e de oportunistas, isso é certamente motivo de escândalo. De quantas das notoriedades que abundam hoje na nossa vida política e económica poderemos dizer "um homem decente" sem abastardar a própria noção de decência?"
Legenda: Quadro de José Peneicheiro
"Li num blogue insuspeito de simpatias ideológicas pelo PCP a expressão "um homem decente" para caracterizar o desaparecido dirigente comunista António Dias Lourenço, e vi depois a mesma expressão repetida mais do que uma vez em outros dispersos lugares. Caracterizar é distinguir. Numa sociedade minimamente saudável do ponto de vista moral, em que a decência, e não a falta de escrúpulos, fosse a regra, a expressão "um homem decente" não distinguiria. Só em sociedades moralmente doentes como aquela em que hoje vivemos a decência se torna uma característica distintiva e expressões como "um homem decente" têm conteúdo informativo. Dias Lourenço dedicou toda a vida (17 anos dela passados nas prisões de Salazar, outros tantos na clandestinidade) a bater-se por ideias e valores e não por interesses pessoais. Quase 40 anos depois do 25 de Abril, em tempos, como estes, de recém-chegados e de oportunistas, isso é certamente motivo de escândalo. De quantas das notoriedades que abundam hoje na nossa vida política e económica poderemos dizer "um homem decente" sem abastardar a própria noção de decência?"
Legenda: Quadro de José Peneicheiro
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Manuel António Pina,
Partido Comunista
9 DE AGOSTO DE 1945
Neste dia, há 65 anos, a segunda bomba atómica caía sobre Nagasaqui.
“Os Aviões”
Na noite de luar o avião passa como um prodígio
“Os Aviões”
Na noite de luar o avião passa como um prodígio
Rápido inofensivo e violento
Ele enche de clamor o sossego branco dos muros onde moro
Ele enche de espanto
O halo azul da noite exterior
Mas depressa passa o pássaro vibrante
De novo tomba a lua sobre as flores
E o cipreste contempla o seu próprio silêncio
Porém noutro lugar noutro silêncio
Bandos passaram em voos de terror
E a morte nasceu dos ovos que deixaram
A lua não encontrou depois as flores
Ninguém morava dentro dos muros brancos
E a noite em vão buscava o seu cipreste”
Sophia de Mello Breyner Andresen, em "Geografia"
Legenda: Desenho de Pablo Picasso
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Sophia de Mello Breyner Andresen Poemas
BAILES DA VIDA
É tempo de lembrar que a esmagadora maioria dos discos dos meus “Bailes da Vida” eram de música italiana, a cinquetti a dizer que não tinha idade para amar, o Modugno a prometer-nos um céu todo pintado de azul o Marino Marini a sugerir que éramos as mais belas do mundo e por aí fora.
Mas havia outros. Este rapaz com ar distante, mesmo ar de galã do cinema, fartou-se de cantar “Forever”.
Mas havia outros. Este rapaz com ar distante, mesmo ar de galã do cinema, fartou-se de cantar “Forever”.
CONCEPÇÔES MORAIS E ESTÉTICAS...
Parte do preãmbulo do Decreto-Lei nº 31.247, de 5 de Maio de 1941:
“Factos ocorridos durante a última época balnear mostraram a necessidade de se estabelecerem, com a precisão possível, as normas adequadas à salvaguarda daquele mínimo de condições de decência que as concepções morais e mesmo estéticas dos povos civilizados ainda, felizmente, não dispensam.”
Para dar cumprimento aos preceitos morais do decreto-lei, existiam nas praias, os chamados “cabo de mar” que percorriam, a pé, o areal, em busca de ofensas à moral pública.
Quem fosse apanhado fora das regras era detido e apresentado em tribunal.
Homens, mulheres, também as crianças, usavam uns fatos de banho ridículos, ocultando parte dos corpos, tal como impunham´os zeladores do decoro e da moral.
“Factos ocorridos durante a última época balnear mostraram a necessidade de se estabelecerem, com a precisão possível, as normas adequadas à salvaguarda daquele mínimo de condições de decência que as concepções morais e mesmo estéticas dos povos civilizados ainda, felizmente, não dispensam.”
Para dar cumprimento aos preceitos morais do decreto-lei, existiam nas praias, os chamados “cabo de mar” que percorriam, a pé, o areal, em busca de ofensas à moral pública.
Quem fosse apanhado fora das regras era detido e apresentado em tribunal.
Homens, mulheres, também as crianças, usavam uns fatos de banho ridículos, ocultando parte dos corpos, tal como impunham´os zeladores do decoro e da moral.
OS CLÁSSICOS DO MEU PAI
A 9ª Sinfonia de Beethoven era a jóia da coroa.
Tal como, a abrir“Os Clássicos do Meu Pai”, escrevi:
“Ouvir música clássica, a televisão ainda não tinha entrado porta dentro, era um ritual da casa. Volta e meia ouvia-se o no corredor: “Vamos embora que vou pôr a 9ª Sinfionia”.Não era um convite, era quase uma ordem, e eu e o meu avô avançávamos para o escritório e ali ficávamos, em profundo silêncio, a ouvir Beethoven.É uma imagem gratificante que guardo: os três sentados, rodeados de livros, a ouvir música clássica."
Como não poderia deixar de ser a gravação é da “Deutsche Grammophon”,
Solistas:
Clara Ebers, Soprano
Gertrude Pitzinger, Alto
Walther Ludwig, Tenor
Ferdinand Frantz, Barítono
Coro e Orquestra da Bayerischen Rundfunks
A orquestra é dirigida por Eugen Jochum
O coro é dirigido por Josef Kugler
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Os Clássicos do Meu Pai
domingo, 8 de agosto de 2010
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