sexta-feira, 6 de agosto de 2010

6 DE AGOSTO DE 1945



Maio de 1945.

Um estranho silêncio caiu sobre a Europa. Os canhões tinham cessado de disparar e as bombas deixaram de cair sobre as cidades.

Hiroxima., 6 de Agosto de 1945.

O Japão em guerra, acumula desastres em todas as frentes. Apesar de tudo, era mais um dia para viver: nas escolas, nos escritórios, nas fábricas, nos templos.

McArthur, comandante -chefe das forças do Pacífico, informara o governo dos Estados Unidos, de que o Japão atingira o limite da sua resistência e que, em poucas semanas, o golpe de misericórdia podia ser vibrado pelas armas convencionais.

E de súbito, foi aquele clarão imenso, mais brilhante que cem mil sóis. Não houve tempo sequer para formular uma interrogação e Hiroxima ficou reduzida a escombros, milhares e milhares de mortos, feridos, desaparecidos.

O repórter do “Chugoku Shinibum” saiu para a rua. Poucas vezes disparou a máquina.
“Tive vergonha de fixar aquilo que os meus olhos viam”, disse mais tarde.

A poetisa Yukio Ohta descreverá a situação:

“Vimos um clarão e ficámos assim.
Cada um de nós, durante algum tempo, fez inconscientemente um número infinito de coisas sem saber o que fazia. Depois acordámos e perdemos a vontade de pronunciar palavra. Até os cães, que por ali vagueavam, deixaram de ladrar. Hiroxima não parecia uma cidade destruída pela guerra, mas uma antevisão do fim do mundo”.


Ao menos, o lançamento da bomba sobre Hiroxima correspondia a uma necessidade?

Quer dizer: era indispensável, como medida extrema para pôr fim à guerra e, assim, impedir o derramamento de mais sangue no campo aliado?

Não!

Os Estados Unidos quiseram dar a conhecer ao mundo que, a partir daquele momento, contavam com uma arma de destruição excepcional e urgia que o mundo soubesse quem passaria a “impor o respeito”.

Como se lia no “Daily Mail: “ A diferença em potencial bélico entre nós e o resto do mundo é como se eles não tivessem descoberto a electricidade, ou a energia a vapor…”


Ainda hoje continua a morrer gente por via do trágico bombardeamento: de cancro, leucemia , de desespero, de loucura…


A 9 de Agosto de 1945, os Estados Unidos fariam rebentar uma outra bomba atómica sobre Nagasaqui.

Mais um acto vergonhoso.


Como alguém um dia disse: nenhum povo tem o direito de humilhar, de uma forma tão brutal e desumana, outro povo.

“Voltaremos a encontrar-nos. Não sei onde, nem quando, mas voltaremos a encontrar-nos num dia de sol”, tal como se ouve no final de “Dr. Strange Love” de Stanley Kubrik


Legenda: Fotografia de Alfred Eisenstaedt

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