No dia 3 de Agosto de 1968, Oliveira Salazar, antes de partir para a quintarola em Santa Comba, gozava uns dias de sol, no Forte de Santo António da Barra.
No dia 7 de Setembro desse mesmo ano, às 09,00 horas da manhã, Pedro Moutinho lia, aos microfones da Emissora Nacional, um comunicado emanado da Presidência do Conselho:
“Em consequência de uma queda na sua residência de Verão, no Estoril, o Sr. Presidente do Conselho apresentou sintomas que levaram o seu médico assistente a recorrer à colaboração de dois colegas neurocirurgiões. Sua Exª foi operado esta noite, de um hematona sob anestesia local, encontrando-se bem.”Ficou então a saber-se, saber-se é como quem diz, que, naquele 3 de Agosto, Sua Excelência, por descuido, por mau estado, ou má qualidade, da madeira de uma cadeira, estatelou-se no chão, batendo com a cabeça na pedra dura.
Apenas uma queda, nada de importante e Sua Excelência não quis que falassem da sucedido ao seu médico assistente, e ficou entregue aos chazinhos e ao mercurocromo de D. Maria de Jesus Caetano, sua zelosa governanta.
Terá prosseguido a sua vida normal, por vezes queixava-se de dores de cabeça, nada que uma aspirina não resolvesse, até ao dia em que é internado, de urgência, no Hospital da Cruz Vermelha.
O “Independente” de 5 de Agosto de 1988, pela pena de Helena Sanches Osório, diz que não foi nada disto que se passou.
Que a queda acontecera na manhã de 5 de Agosto, que Augusto Hilário, calista de profissão, chegara ao Forte, com a mala dos utensílios, “A Bola" e o “Diário de Notícias” debaixo do braço, para tratar dos pés de António Oliveira Salazar.
Após os cumprimentos, Salazar pede que Augusto Hilário lhe empreste os jornais, “que os meus ainda não chegaram”, Augusto Hilário empresta-lhe o “Diário de Notícias”, ainda vê Salazar a abrir o matutino, e vira-se de costas para lavar as mãos.
A investigadora escreve:
“Depois, só ouve um enorme estrondo, realiza que este foi provocado pela aparatosa queda do Presidente do Conselho.
“Tinha a mania de se sentar atirando-se para cima das cadeiras, dizem os seus próximos, opinião corroborada por diversos médicos que explicam que, aos 79 anos, e com uma vida sedentária como era a sua, por falta de musculatura nas pernas, teria tendência de se sentar num movimento de quem se deixa cair.”
Bom, a 3 ou a 5 de Agosto, com ou sem calista, sabe-se que uma cadeira viria a provocar a queda de Salazar e que, por sua vez, o obrigaria a ser operado a 6 de Setembro e de que viria a morrer às 09h 15m do dia 27 de Julho de 1970.
Segundo consta, a cadeira foi lançada ao mar por D. Maria de Jesus Caetano.
O regime ainda sobreviveu quatro anos à morte de António Oliveira Salazar.
Aconteceu num 25 de Abril de 1974.
Ainda se lembram?
Sem comentários:
Enviar um comentário