segunda-feira, 30 de agosto de 2010
TODOS OS ANOS POR AGOSTO
Todos os anos pelo Verão, especialmente em Agosto, os jornais e as televisões ,são férteis em Apresentarem notícias de encerramento de fábricas e empresas. Aproveitam a interrupção de laboração para fecharem. Ninguém sabe se a ida para férias terá um regresso ao trabalho. Os dias do desassossego quando dezenas de proprietários de pequenas e médias empresas – e não só! - decidem encerrar as portas sem aviso. Ou então, os trabalhadores, insolitamente, são avisados por “SMS”.
O “Jornal de Notícias" de hoje, dá conta que os trabalhadores da fábrica de calçado Pinhosil, em Arouca, durante as férias, foram despedidos por telemóvel.
"A partir de segunda-feira, a empresa vai fechar. Vão receber a carta para o desemprego". Foi esta a mensagem enviada quinta-feira passada aos 18 trabalhadores da empresa, sem qualquer assinatura e a partir de um número de telemóvel desconhecido.”
Deonilde Soares já trabalha há oito anos para os mesmos patrões - primeiro na empresa Pinho Oliveira e agora na Pinhosil, ambas em Arouca - e confessa com revolta: "Quando recebi a mensagem fiquei em estado de choque. Não estava a contar com aquilo porque sempre tivemos trabalho, dávamos horas a mais e entregávamos as encomendas a tempo".
Paula Moreira está mais serena, mas não aguenta as lágrimas. "Fiquei desesperada", admite. "Não sei o que vai ser da minha vida, porque tenho três filhos e o meu marido também está sem ganhar há muito tempo".
O que mais chocou Paula foi, no entanto, a "insensibilidade" dos proprietários da Pinhosil ao optarem por uma mensagem escrita: "Eram meus colegas antes de serem meus patrões e nunca esperei isto deles. Fiquei muito desiludida e muito triste. Não sei como vai ser quando passar por eles na rua".
Por pagar está metade do subsídio de Natal de 2009, o subsídio de férias de 2010 e os salários de Julho e Agosto.
A realidade é que não temos um projecto de país, vamos andando assim por aí, conforme o lado de onde sopra o vento e, como muito judiciosamente disse Manuel António Pina, “o desemprego é uma coisa que só se vê da oposição.”
Trabalhadores frente aos portões encerrados das fábricas, olhares vazios de impotência.
Alguém um dia reparou, e fez a pergunta:
“A soma do número de despedidos por falência fraudulenta das empresas, mais as dos que foram por justa causa, a multiplicar pelos que sobrevivem do trabalho precário, e pelos que andam ainda à procura do primeiro emprego, dá como resultado um país?”
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