segunda-feira, 14 de novembro de 2011

NUMA CIDADE DISTANTE


Um café onde não entro há vinte
anos. Numa cidade distante o café
ainda existe, mas é um corpo
esboroado e sujo. E desapareceram
os seus antigos clientes.
Um corpo que tive no meu corpo, um
instante  que durou nos meus dias
entre todos os lábios que estiveram
nos meus lábios
e eu não vou de novo descobri-lo
um amarelo que ficou perdido
na poeira do tempo passado e que
nenhum pintor consegue restaurar na
hora presente,
nem pela primavera de um amor futuro.

João Miguel Fernandes Jorge em O Barco Vazio

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