Há 36 anos, a imprensa deste dia, dava largo destaque ao cerco à Assembleia Constituinte, na sequência da manifestação dos trabalhadores da construção civil.
Do Diário de Notícias:
Resolvendo permanecer frente ao palácio de S. Bento até que haja a garantia da publicação da tabela salarial proposta pelos sindicatos, os manifestantes decidiram também impedir a saída de quem quer que estivesse no seu interior. Pessoal auxiliar da Assembleia Constituinte e jornalistas foram as únicas a esta deliberação. Quanto aos deputados eles permaneciam no interior do Palácio, não passando despercebido o facto de se reunirem na sala das sessões ao princípio da madrugada, como se preparassem para uma reunião extraordinária da Assembleia.
Ainda na 1ª página do Diário de Notícias, lia-se que a Comissão de Vigilância Revolucionária do Norte alertava para a eminência de um golpe reaccionário. O plano desenvolvia-se em 12 pontos e denunciava que oficiais reaccionários planeavam uma marcha sobre Lisboa e Alentejo contra os soldados, os trabalhadores e os camponeses.
Os deputados começaram a sair da Assembleia ao fim da manhã.
O Diário de Lisboa publicava uma fotografia na 1ª página com a seguinte legenda:
Cardia, deputado do P.S., dormiu à sob a protecção de José Estevão.
Do Diário de Lisboa:
Com esta impressionante demonstração de força da classe operária, o menos que se pode dizer é que a teoria das minorias tão lamentavelmente expressa nos últimos tempos foi destruída em pedaços. E o VI Governo, grande culpado pela crise assim aberta, terá ficado convencido, de vez. Que não pode impor aos trabalhadores uma política contra os explorados e oprimidos.
Nas ruas gritava-se: avançar, avançar poder popular.
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