terça-feira, 4 de dezembro de 2012
UM SACANA DE QUANDO EM VEZ...
- A Praça da Figueira. Esta manhã houve aqui uma desordem. A loja estava a vender chouriços com serradura. Como se já não lhes bastasse terem racionamento por Salazar vender tudo aos Alemães… O povo amotinou-se, os comunistas mandaram uns agentes provocadores, a Guarda apareceu a cavalo, houve muitas cabeças partidas. Há duas guerras em Lisboa – nós contra os boches e o Estado Novo contra os comunistas.
- Estado Novo?
- O regime de Salazar. Não faz grande diferença dos sacanas com quem lutamos. Há uma polícia secreta treinada pela Gestapo, a PVDE, e a cidade infestada de informadores, os chamados bufos. As prisões… Bem, é melhor não entrar numa prisão portuguesa. Até tinham um campo de concentração em Cabo Verde, o Tarrafal. Chamavam-lhe a «frigideira». Pronto, estamos na Baixa, a zona comercial da cidade. Foi toda reconstruída pelo marquês de Pombal depois do terramoto. Era também um tipo duro, esse. Parece que os Portugueses precisam de um a intervalo de poucos séculos.
- Um quê?
- Um sacana.
Robert Wilson em A Companhia de Estranhos
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