terça-feira, 31 de maio de 2016

OLHAR AS CAPAS


A Glória na Europa

João Vasco Almeida e Frederico Valarinho
Capa: Ilídio Vasco
Guerra e Paz Editores, Lisboa, Maio 2010

O Benfica foi, durante anos, visto como o clube do regime. As suas maiores glórias aparecem, de facto, no momento em que Salazar mais precisava, já lá vamos. Antes, refutemos a tese.
O Benfica tinha, para já uma proibição em cima. Não se podia escrever nos jornais que eram os «vermelhos». O clube tinha de ser identificado como os «encarnados». A opção foi imposta pela censura portuguesa, que desejava ver longe qualquer referência, ainda que distante, ao Partido Comunista Português.
Depois, as Assembleias Gerais do Benfica. Nesses anos 60, eram as mais concorridas de todos os clubes, onde toda a gente dizia o que lhe ia na alma para, depois, se decidir tudo por voto directo e universal. Este comportamento assustava o regime. Pior do que ter o PCP à perna era ter um grupo de pessoas em permanente educação para a democracia, num clube que era, além de gloriosos, sério e feito «pelo povo».
O antigo hino do Benfica também não caía no goto de Salazar. Começava com «Avante, Benfica» e estragava logo a pintura: «avante» era uma plavra proibida, nome do jornal que mais dores de cabeça dava à censura e à polícia política e, acima de tudo, um permanente ultraje.
Outro episódio curioso é que, na época 1954/55, o Benfica foi campeão nacional, mas o clube que representou Portugal foi o Sporting. A decisão não era livre, não se atinha apenas aos resultados desportivos. Era, outrossim, uma decisão política do Estado Novo.

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