A Glória na Europa
João Vasco
Almeida e Frederico Valarinho
Capa: Ilídio
Vasco
Guerra e Paz
Editores, Lisboa, Maio 2010
O Benfica foi, durante anos, visto como o
clube do regime. As suas maiores glórias aparecem, de facto, no momento em que
Salazar mais precisava, já lá vamos. Antes, refutemos a tese.
O Benfica tinha, para já uma proibição em
cima. Não se podia escrever nos jornais que eram os «vermelhos». O clube tinha
de ser identificado como os «encarnados». A opção foi imposta pela censura portuguesa,
que desejava ver longe qualquer referência, ainda que distante, ao Partido
Comunista Português.
Depois, as Assembleias Gerais do Benfica. Nesses
anos 60, eram as mais concorridas de todos os clubes, onde toda a gente dizia o
que lhe ia na alma para, depois, se decidir tudo por voto directo e universal.
Este comportamento assustava o regime. Pior do que ter o PCP à perna era ter um
grupo de pessoas em permanente educação para a democracia, num clube que era,
além de gloriosos, sério e feito «pelo povo».
O antigo hino do Benfica também não caía no
goto de Salazar. Começava com «Avante, Benfica» e estragava logo a pintura:
«avante» era uma plavra proibida, nome do jornal que mais dores de cabeça dava
à censura e à polícia política e, acima de tudo, um permanente ultraje.
Outro episódio curioso é que, na época
1954/55, o Benfica foi campeão nacional, mas o clube que representou Portugal
foi o Sporting. A decisão não era livre, não se atinha apenas aos resultados
desportivos. Era, outrossim, uma decisão política do Estado Novo.
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