João César Monteiro
Folhas da
Cinemateca
Textos sobre
os filmes de João César Monteiro da autoria de João Bénard da Costa, Luís
Miguel Oliveira, Manuel Cintra Ferreira, Maria João Madeira
Organização
e textos não assinados: Maria João Madeira
Capa:
Beatriz Horta Correia
Cinemateca
Portuguesa-Museu do Cinema, Lisboa, Março de 2010
Mesmo quando
parecia não o estar afazer, João César Monteiro falou e escreveu muito sobre o
seu entendimento do cinema. Por altura de O
Último Mergulho, numa entrevista a Rodrigues da Silva para o Jornal de Letras: “Eu acho que o cinema é a
arte de maîtriser o tempo e isso é a
coisa mais difícil que há no cinema. Eu sou absolutamente contra a chamada longueur, a coisa excessiva. Se a coisa não serve, se
é morta, corta-se. Mas é preciso dar tempo às coisas, também por respeito pelo
espectador. É preciso dar tempo para que o espectador possa ler o filme, possa
ler o plano, possa saborear cada plano. Mas isso é extremamente difícil,
extremamente ingrato. Porque o ideal é não ser nem a mais nem a menos, para que
cada coisa tenha a justeza do tempo.” E noutro passo: “O cinema é um mundo que está desertificado e nós sonhámos ser
habitantes desse mundo. É nesse sentido, também, que eu não me sinto um
cineasta português. Considero-me um cineasta, ponto. Sou um homem do cinema. O
cinema para mim não é nem português, nem chinês, nem americano. É o cinema, é o
desejo de criar um mundo, é um desejo que nasce quando o Homem sai da caverna,
sai verticalmente da caverna, com a lenta evolução da espécie e a conformidade
da bacia à posição vertical, e vem cá para fora, olha o mundo, olha o que está
à volta, olha a realidade circundante e se começa a fazer perguntas.”
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