quarta-feira, 4 de maio de 2016

QUOTIDIANOS


Ontem andei pela Baixa e fiquei espantadíssimo. Era um sítio onde me sentia em casa e agora não percebo nada. As lojas parecem-me todas as mesma, os restaurantes também. A minha irmã vai daqui a uns dias fazer 80 anos e não sei onde a levar a almoçar. Devia ser um sítio de que ela goste, de onde tivesse memórias mas já não há nada. Desapareceu tudo. Suponho que seja normal. É isso a velhice. Mas faz-me impressão a transformação ter sido tão rápida. Estamos aqui na Rua da Escola Politécnica há quase quatro anos. Já quase não há nenhuma das lojas que abriram quando já cá estávamos. Abriram, fecharam e já são outras. É estranhíssimo. Não consigo habituar-me.

Jorge Silva Melo

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