quarta-feira, 4 de maio de 2016

OLHAR AS CAPAS


O Ano da Morte de José Saramago

Amadeu Baptista
Capa e Extra-Texto de Ana Biscaia
&etc., Lisboa, Setembro de 2010

Hoje são as exéquias do José Saramago,
não falta o trânsito dos corvos na câmara ardente,
mas em três dias tudo estará esquecido,
as cinzas semeadas não frutificarão,
ponham—nas ou não sob a oliveira ressequida
na Azinhaga do Ribatejo, em frente à Biblioteca,
ou em Lanzarote, sob o vulcão
- umas oliveiras nascem,
outras morrem,
outras estão a permanecer mais um dia,
mais uma noite,
mais uma derrogação
para que as cinzas fiquem agora decididamente em Lisboa
e às barcas seja permitido flutuar
por uma vez, as barcas novas do Tejo
e do texto de João Zorro,

Ai, minha senhora velida! 

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