Vasco Graça Moura disse que Pedro Homem de Melo foi um poeta demasiado mal tratado pela crítica e pelos leitores de poesia.
A Biblioteca da Casa não tem um único livro do poeta.
Mas pela casa existe esse maravilhoso Com que Voz em que Amália Rodrigues,
pela mão mágica de Alain Oulman, cantou poetas portugueses e Pedro Homem de
Melo, com dois poemas, está representado.
HAVEMOS DE IR A VIANA
Entre sombras misteriosas
em rompendo ao longe estrelas
trocaremos nossas rosas
para depois esquecê-las.
Se o meu sangue não me engana
como engana a fantasia
havemos de ir a Viana
ó meu amor de algum dia.
Partamos de flor ao peito
que o amor é como o vento
quem pára perde-lhe o jeito
e morre a todo o momento.
Se o meu sangue não me engana
como engana a fantasia
havemos de ir a Viana
ó meu amor de algum dia
ó meu amor de algum dia
havemos de ir a Viana
se o meu sangue não me engana
havemos de ir a Viana.
Ciganos, verdes ciganos
deixai-me com esta crença
os pecados têm vinte anos
os remorsos têm oitenta.
CUIDEI QUE TINHA
MORRIDO
Ao passar pelo ribeiro
Onde, às vezes, me debruço
Fitou-me alguém corpo inteiro
Dobrado como um soluço
Pupilas negras tão lassas
Raízes iguais às minhas
Meu amor, quando me enlaças
Por ventura as adivinhas
Meu amor, quando me enlaças
Que palidez nesse rosto sob o lençol de luar
Tal e qual quem ao sol posto
Estivera a agonizar
Deram-me então por conselho
Tirar de mim o sentido
Mas, depois, vendo-me ao espelho
Cuidei que tinha morrido
Cuidei que tinha morrido!
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