sexta-feira, 8 de novembro de 2024

POEMA DO LIVRE-ARBÍTRIO

Há uma fatalidade, intrínseca, insofismável,

inerente a todas as coisas e nelas incrustada.

Uma fatalidade que não se pode ludibriar,

nem peitar, nem desvirtuar,

nem entreter, nem comover,

nem iludir, nem impedir,

uma fatalidade fatalmente fatal,

uma fatalidade que só poderia deixar de o ser

para ser fatalidade de outra maneira qualquer,

igualmente fatal.

 

Eu sei que posso escolher entre o bem e o mal.

Eu sei que posso fatalmente escolher entre o bem e o mal.

 

E já sei que escolho o bem entre o mal e o bem.

Já sei que escolho fatalmente o bem.

Porque escolher o bem é escolher fatalmente o bem,

como escolher o mal é escolher fatalmente o mal.

O meu livro arbítrio

conduz-me fatalmente a uma escolha fatal.

 

António Gedeão de Novos Poemas Póstumos em Obra Completa

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