Nesta semana,
discutiu-se, na Assembleia da República, o Estado da Nação.
O governo que
nos assiste diz-se de centro-esquerda, é mais centro que esquerda, mas é
preferível a um governo de direita.
O governo tem
ministros que não lembrariam ao careca, mas António Costa já disse que «não
está prevista nenhuma remodelação no horizonte».
Penso que não
será bem assim e, mais dia menos dia, teremos por aí remodelação, provavelmente
para depois das eleições autárquicas.
Diga-se, no
entanto, que a oposição, que tão mal diz do governo e dos ministros, é um
perfeito desastre.
Rolava a bola há
alguns minutos e Adão e Silva, líder parlamentar do PSD, saiu-se com esta
pérola:
«No âmbito da saúde, senhor primeiro-ministro, que fique claro: nós, PSD, somos fundadores do Serviço Nacional de Saúde [SNS]. Estamos no SNS. E senhor primeiro-ministro, não é uma questão ideológica, é uma questão prática. É uma questão de sentido prático das coisas.»
Em Setembro de
1979, a lei do Serviço Nacional de Saúde foi aprovada na Assembleia da
República com os votos do PS, do PCP, da UDP e do deputado independente Brás
Pinto tendo votado contra todos aqueles que já, então, estavam contra o espírito
da socialização da saúde, preconizado pelo deputado socialista António Arnaut:
o PS, o CDS e os deputados independentes do PSD.
O governo pode
ser a coisa terrível que as direitas dizem que é, ou querem que seja, mas, como
oposição, são um perfeito desastre.
António Costa bem pode estar de cadeirinha a olhar.
1.
Bonita e justa
homenagem.
O Auditório do
Museu do Fado passou a chamar-se Auditório Ruben de Carvalho.
2.
No mínimo dos
mínimos, deveria haver um médico e um enfermeiro de saúde pública por cada 20
mil habitantes.
3.
O Cardeal Angelo
Becciu, ex-responsável pelas finanças, e afastado pelo Papa Francisco em
Setembro do ano passado, é a figura mais alta do Vaticano a ser acusada de
crimes financeiros: desvio de fundos, fraude e abusos do poder. Em causa estão
350 milhões de euros da Santa Sé,
aplicados num negócio de imobiliário em Londres.
4.
A Câmara Municipal de Lisboa tem cerca de 13.000
funcionários, ou seja um por cada 38 habitantes da cidade. Entre os
funcionários da CML contam-se 381 advogados, 159 relações públicas, 443
arquitectos e 168 historiadores, entre muitas outras profissões.
5.
«Eu então vivo sozinho, absolutamente sozinho. Nunca
falo a ninguém; não me dão, não dou nada a ninguém. O Autodidacta não conta. É
verdade que há Françoise, a patroa do Rendez-vous dos Ferroviários. Mas pode
dizer-se que falo com ela? Às vezes, depois do jantar, quando vem servir-me uma
cerveja, pergunto-lhe:
«Esta noite você tem tempo?»
Nunca diz que não, e então sigo-a a um dos quartos
grandes do 1º andar, que ela aluga à hora ou ao dia. Não lhe pago senão o
quarto. Ela goza (precisa dum homem por dia, e além de mim, tem muitos outros)
e eu purgo-me assim de certas melancolias cuja causa conheço perfeitamente. Mas
mal trocamos algumas palavras. Para quê? Cada um por si; aos olhos dela, de
resto, continuo a ser, antes de mais um freguês do café. Diz-me assim, ao
despir o vestido:
«Ouça lá, você conhece um aperitivo chamado Bricot? É
que houve dois fregueses, esta semana, que pediram. A rapariga não sabia, veio
prevenir-me. Eram caixeiros viajantes; foi coisa que beberam em Paris, com
certeza. Mas não gosto de comprar sem saber. Se não se importa, não tiro as
meias.»
Jean-Paul Sartre
em A Náusea
1 comentário:
Então este Adão é pago por nós todos? Só pode ser um crápula, um mentiroso que, se houvesse dignidade, deveria ser expulso da Assembleia por estar a gozar com os portugueses!
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