Rente ao Dizer
Eugénio de Andrade
Prefácio: Federico Bertolazzi
Capa: desenho de Ilda
David
Assírio & Alvim,
Lisboa, Fevereiro de 2018
Rente ao Chão
1.
Era azul e tinha os olhos de deus,
o meu pequeno persa
- agora rente ao chão onde iria?,
a voz quebrada,
o peso da terra sobre os flancos,
a luz deserta na pupila.
2.
Chamo por ti; digo o teu nome
tropeçando sílaba
a sílaba; repito o teu nome
para que voltes com a lua
nova, o sol de março,
o pão de cada dia;
chamo por ti:
o rigor do frio, a sua teia branca
por companhia
Colaboração de Aida Santos
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