27 de Outubro de 1993
Num
pequeno-almoço com jornalistas, em Frankfurt, foi-me pedido que comentasse a
denominada «morte do comunismo». Lancei-me numa resposta que prometia ser longa
e provavelmente confusa àquela hora da manhã, mas de repente interrompi o
discurso e resumi desta maneira: «Em França, nos tempos da monarquia, quando o
rei morria, aparecia sempre um certo dignitário da corte que anunciava e ao
mesmo tempo proclamava: “Le roi est mort! Vive le roi!” Creio, meus senhores,
que não vão faltar razões para que comecemos a pensar em dizer: “O comunismo
morreu! Viva o comunismo!” Os jornalistas, todos eles , fizeram uma ar germânicamente
entendidos…
José Saramago em Cadernos de Lanzarote
I Volume
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