sexta-feira, 20 de agosto de 2021

UMA LISBOA REMANCHADA


AVENIDA DA LIBERDADE

Subamos e desçamos a Avenida,
enquanto esperamos por uma outra
(ou pela outra) vida.

CHIADO

Ramilhete rubro do desejo,
ramilhete posto pelo olhar
entre dois seios desdenhosos,
a dar a dar.

PARQUE EDUARDO VII

Ah, o êxtase dos namorados
que se olham, beijam, voltam a olhar-se e já não sabem
que mais hão-de fazer, que mais hão-de inventar!

TRAVESSA DO POÇO DA CIDADE

— Vejam lá se se despacham
que eu não quero lá fardas!

Rancho de amor para os soldados.
De cada vez só pode ir um.
E dois cabritos são esfolados
no tempo de um.

AO BENFORMOSO

Entre o fartum de peixe frito
e de sovacos sem sol,
passa o ranço, chique e ligeiro,
da brilhantina ROUXINOL.

BECO DA MAL-AMADA

Se acha que a vida não é boa
utilize gás da Companhia
o combustível de Lisboa.

AZINHAGA DO GUARDA-SÓ

Encontro um resmunguarda que me intima
a parar.

Seria por suspeita? Seria por rotina?
Não. Foi para conversar...

Alexandre O’ Neill em De Ombro na Ombreira

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