Lembrança de uns pica-no-chão comidos,
numa típica tasca, ali para os lados da Maia.
O Magalhães é que nos encaminhou os
passos.
Pipos de verde tinto ao alto, branco
também, mesas corridas, lareira acesa a um canto.
Por cima da lareira, inscrito a azul, em
azulejo branco, este versejar:
Vizinhos ao pé da porta,
Quando não sejam leias,
Bom dia uma vez por dia,
Já são conversas de mais.
O Magalhães telefonava para o Costa, o
dono do tasco:
Somos nove!
A mulher do Costa ia ao quintal, nas
traseiras, e filava um galo.
E zás!
As mais saborosas cabidelas que me
passaram pelo estreito, foram naquele tasco na Maia, apenas conhecido por quem
se está borrifando para o amesentar à
la gourmet.
O pica-no-chão, assim contado às
criancinhas, em prosa pública, pelo saudoso David
Lopes Ramos:
«Galo de pé descalço ou pica-no-chão é a
designação que, em tempos recentes, no Minho, se começou a dar ao galináceo
adulto, criado ao ar livre e à solta, alimentando-se do que encontra na
natureza, bem como do milho e hortaliças que lhe dão. Na dieta dos galos pé
descalço ou pica-no-chão estão proibidas as farinhas de peixe e aparentadas,
bem como vitaminas, antibióticos e outras malfeitorias.
Um galo de pé descalço, adulto tem
sempre mais de seis meses, por vezes ultrapassa o ano ou mais e é matéria-prima
essencial na confecção do arroz de cabidela de Entre Douro e Minho, sendo
também muito bom assado no forno ou guisado lentamente em vinho, pode ser tinto,
e outros temperos e condimentos.»
Legenda: não foi possível identificar o autor/origem da fotografia.
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