O Pregador
Erskine Caldwell
Tradução: Dulce Rebelo
Colecção: Livros de Bolso nº 29
Publicações Europa-América, Lisboa,
Abril de 1972
O automóvel, uma caranguejola coberta de
lama, rolava pela estrada e veio parar, junto da magnólia. O homem alto e
magrizela, que parecia ter vivido no racionamento desde o dia em que deixara o
peito materno, estava sentado, lúgubre e imóvel. De mãos agarradas ao volante.
Os seus olhos fixavam a linha descaída dos vedados em frente.
Clay Horey inclinou-se para diante do
seu cadeirão, na varanda, franzindo os olhos para atenuar a reverberação
faiscante do Sol na brancura da areia, e procurou ver quem chegara. Por um
momento não conseguiu convencer-se de que tinha visto alguém.
Ali sentado, na varanda, a olhar, para
aquela terra seca e sem cor, habituara-se a duvidar, às vezes, dos seus
próprios olhos.
- O diabo da chicória enfraquece a vista
à gente no Verão – murmurou. – Um dia destes tenho de passar a tomar um prato
de cereal. Parece que não há nada já que aguente um homem acordado.
1 comentário:
Tenho uma edição da Portugália Editora, autografada pelo autor, em 08.10.1959, quando Erskine Caldwell esteve em Lisboa, e que me foi oferecida por um amigo poeta, entretanto já falecido, que trabalhou na Portugália.
Este livro é excelente como são excelentes todos os livros que ja li deste magnífico escritor!
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