A sondagem pertence ao Expresso.
Os portugueses estão
fartos. Estão cansados.
O governo não resolve os graves problemas que enfrentam no seu dia-a-dia.
Mas também sabem que mais eleições não trazem qualquer alteração às suas frustrações quotidianas.
Os portugueses estão
fartos. Estão cansados.
O governo não resolve os graves problemas que enfrentam no seu dia-a-dia.
Mas também sabem que mais eleições não trazem qualquer alteração às suas frustrações quotidianas.
Em todos os sentidos atravessamos uma seca que nos vai complicar, ainda mais, os nossos tristes dias.
No Café do Monte, Ana Cristina Leonardo continua a
filosofar:
«Por falar em
clima, aqui, no Sul interior, a seca secera está a deixar os campos com as
cores de Agosto, mas a ministra da Agricultura já anunciou que este ano não
faltarão sardinhas.»
Durante o seu
casamento com Ike Turner foi violentamente tratada.
Um dia, Tina, mandou-o dar
uma enorme volta e que nunca mais lhe aparecesse.
Tornou-se um ídolo, a
primeira estrela negra do rock a encher estádios de futebol. por todo o mundo.
A música desta manhã é We
don’t need another hero, da banda sonora de Mad Max.
«Eu nunca fui obrigado a fazer a saudação
fascista aos «meus superiores». Eu nunca andei fardado com um uniforme verde e
amarelo de S de Salazar à cintura. Eu nunca marchei, em ordem unida, aos
sábados, com outros miúdos, no meio de cânticos e brados militares. Eu nunca vi
os colegas mais velhos serem levados para a «mílícia», para fazerem manejo de
arma com a Mauser. Eu nunca fui arregimentado, dias e dias, para gigantescos
festivais de ginástica no Estádio do Jamor. Eu nunca assisti ao histerismo
generalizado em torno do «Senhor Presidente do Conselho», nem ao servilismo
sabujo para com o «venerando Chefe do Estado». Eu nunca fui sujeito ao culto do
«Chefe», «chefe de turma», «chefe de quina», «chefe dos contínuos», «chefe da
esquadra», «chefe do Estado». Eu nunca fui obrigado a ouvir discursos sobre
«Deus, Pátria e Família».
Eu nunca ouvi gritar: «quem manda? Salazar,
Salazar, Salazar». Eu nunca tive manuais escolares que ironizassem com «os
pretos» e com «as raças inferiores». Eu nunca me apercebi do «dia da Raça». Eu
nunca ouvi louvar a acção dos «Viriatos» na Guerra de Espanha. Eu nunca fui
obrigado a ler textos escolares que convidassem à resignação, à pobreza e ao
conformismo; Eu nunca fui pressionado para me converter ao catolicismo e me
«baptizar».
Eu nunca fui em grupos levar géneros a
pobres, politicamente seleccionados, porque era mesmo assim. Eu nunca assisti á
miséria fétida dos hospitais dos indigentes. Eu nunca vi os meus pais
inquietados e em susto. Eu nunca tive que esconder livros e papéis em casa de vizinhos
ou amigos. Eu nunca assisti à apreensão dos livros do meu pai. Eu nunca soube
de uma cadeia escura chamada o Aljube em que os presos eram sepultados vivos em
«curros». Eu nunca convivi com alguém que tivesse penado no Tarrafal. Eu nunca
soube de gente pobre espancada, vilipendiada e perseguida e nunca vi gente
simples do campo a ser humilhada e insultada.
Eu nunca vi o meu pai preso e nunca fui
impedido de o visitar durante dias a fio enquanto ele estava «no sono». Eu
nunca fui interpelado e ameaçado por guardas quando olhava, de fora, para as
grades da cadeia. Eu nunca fui capturado no castelo de S. Jorge por um
legionário, por estar a falar inglês sem ser «intréprete oficial». Eu nunca fui
conduzido à força a uma cave, no mesmo castelo, em que havia fardas verdes e
cães pastores alemães. Eu nunca vi homens e mulheres a sofrer na cadeia da vila
por não quererem trabalhar de sol a sol. Eu nunca soube de alentejanos presos,
às ranchadas, por se encontrarem a cantar na rua. Eu nunca assisti a umas eleições
falsificadas, nunca vi uma manifestação espontânea ser reprimida por cavalaria
à sabrada; eu nunca senti os tiros a chicotearem pelas paredes de Lisboa, em
Alfama, durante o Primeiro de Maio.
Eu nunca assisti a um comício interrompido,
um colóquio desconvocado, uma sessão de cinema proibida. Eu nunca presenciei a
invasão dum cineclube de jovens com roubo de ficheiros, gente ameaçada,
cartazes arrancados. Eu nunca soube do assalto à Sociedade Portuguesa de
Escritores, da prisão dos seus dirigentes. Eu nunca soube da lei do silêncio e
da damnatio memoriae que impendia sobre os mais prestigiados intelectuais do
meu país. Eu nunca fui confrontado quotidianamente com propaganda do estado
corporativo e nunca tive de sofrer as campanhas de mentalização de locutores,
escribas e comentadores da Rádio e da Televisão. Eu nunca me dei conta de que
houvesse censura à imprensa e livros proibidos. Eu nunca ouvi dizer que tinha
havido gente assassinada nas ruas, nos caminhos e nas cadeias.
Eu nunca baixei a voz num café, para falar
com o companheiro do lado. Eu nunca tive de me preocupar com aquele homem
encostado ali à esquina. Eu nunca sofri nenhuma carga policial por reclamar
«autonomia» universitária. Eu nunca vi amigos e colegas de cabeça aberta pelas
coronhas policiais. Eu nunca fui levado pela polícia, num autocarro, para o
Governo Civil de Lisboa por indicação de um reitor celerado. Eu nunca vi o meu
pai ser julgado por um tribunal de três juízes carrascos por fazer parte do
«organismo das cooperativas», do PCP, com alguns comerciantes da Baixa,
contabilistas, vendedores e outros tenebrosos subversivos. Eu nunca fui
sistematicamente seguido por brigadas que utilizavam um certo Volkswagen verde.
Eu nunca tive o meu telefone vigiado. Eu nunca fui impedido de ler o que me
apetecia, falar quando me ocorria, ver os filmes e as peças de teatro que
queria. Eu nunca fui proibido de viajar para o estrangeiro. Eu nunca fui
expressamente bloqueado em concursos de acesso à função pública.
Eu nunca vi a minha vida devassada, nem a
minha correspondência apreendida. Eu nunca fui precedido pela informação de que
não «oferecia garantias de colaborar na realização dos fins superiores do
Estado». Eu nunca fui objecto de comunicações «a bem da nação». Eu nunca fui
preso. Eu nunca tive o serviço militar ilegalmente interrompido por uma polícia
civil. Eu nunca fui julgado e condenado a dois anos de cadeia por actividades
que seriam perfeitamente quotidianas e normais noutro país qualquer; Eu nunca
estive onze dias e onze noites, alternados, impedido de dormir, e a ser
quotidianamente insultado e ameaçado. Eu nunca tive alucinações, nunca tombei
de cansaço. Eu nunca conheci as prisões de Caxias e de Peniche. Eu nunca me dei
conta, aí, de alguém que tivesse sido perseguido, espancado e privado do sono.
Eu nunca estive destinado à Companhia Disciplinar de Penamacor. Eu nunca tive
de fugir clandestinamente do país. Eu nunca vivi num regime de partido
único.
Eu nunca tive a infelicidade de conhecer o
fascismo.»
Legenda: fotografia de Júlio Amorim
Yves Montand era o cantor francês preferido do
Armindo que um dia, para não vestir a bombazina verde dos militares da guerra
colonial, fugiu para Grenoble. Nunca mais soube dele. Lamento muito.
Por um
dois seus amigos, pelo mesmos motivos, Eduardo Guerra Carneiro perguntava: «De que cor
são os lagos da Suiça?»
O meu pai
encantava-se com Edith Piaf, ainda andou às voltas com Mireille Mathieu mas foi
apenas um breve entusiasmo, eu ouvia Adamo, Les Chats Sauvages, Charles
Aznavour, Gilbert Bécaud e só mais tarde encontrei os LPs do Yves Montand nas
mãos do Luís Miguel Mira.
Sobre a tal frase do Fitzgerald, citada por aqui, Montand considerava-a uma reflexão
lúcida, uma refexão que magoa.
«É verdade que não há esperança. Vendo bem
que posso eu fazer? Pelos operários da fábrica Renault, por exemplo, nada. E
eles também nada podem fazer por mim. Só eles poderão descobrir uma solução
para os seus problemas. Eu apenas posso manifestar-lhes uma forma de simpatia,
com uma estreita margem, de resto, para nãp cair na demagogia. Posto isto, é
verdade que devemos tentar mudar as coisas. É uma das principais razões da
nossa vida.»
Richard
Cannavo e Henri Quiqueré
Tradução:
Isabel Maria St. Aubyn
Editorial
Inquérito. Lisboa s/d
«Devíamos ser capazes de compreender que não
há esperança e, no entanto, estamos decididos a tentar mudar.»
Esta máxima de Scott Fitgerald, dândi desencantado
do milagre americano, é, como ele próprio confessa, a citação preferida de Montand.
Estas duas linhas dizem tudo. Tudo o que constitui o «homem Montand». Longe dos
projectores e dos aplausos, longe dos clamores e da multidão, Yves Montand
pouco tem do quinquagenário triunfante do cinema francês. É um ansioso.
Visceralmente. Um torturado. Dilacerado, sempre em confronto com a dúvida. Na
solidão dos encontros a dois que todos tememos, o homem da lenda dourada já não
ri.»
Pedro Garcias de uma crónica no Público.
Legenda: Cartaz da Junta Nacional do Vinho, 1937
Eduarda
Dionísio morreu. No dia a seguir à sua morte (quando este texto foi escrito) a
comunicação social mal deu por isso. Suponho, tenho mesmo a certeza, que o
mesmo não se passa nalguns meios literários e culturais importantes que foram
contemporâneos, cúmplices e testemunhas das actividades e obra de Eduarda
Dionísio. Esses certamente que deram pela perda e se reencontram no luto e na
homenagem. Não é que ela pertença a um tempo do qual não sejamos todos
contemporâneos, mas num mundo onde se sobrepõem planos histórico-cronológicos
tão diferentes – como é o da literatura, da arte, da cultura – a coexistência
não significa obrigatoriamente uma relação de contemporaneidade.
Eduarda Dionísio é uma daquelas figuras que nos obrigam a pensar no significado
e pertinência do conceito de geração, na medida em que se moveu em função de
ideias colectivas e de camaradagens culturais (mencionem-se, como nomes
fundamentais da sua constelação, Luis Miguel Cintra e Jorge Silva Melo) que
nunca se confundiram com os meros gestos gregários plenos de conformismo.
O jornalismo cultural mostra-se tão alheio à morte de Eduarda Dionísio porque
vive num “presentismo” sem memória e num espaço público cujos territórios e
fronteiras estão “globalizados” e têm radares mais atentos ao que de Londres e
Nova Iorque é exportado com o selo da universalidade (veja-se o que é a versão
actual, degradada, de uma “literatura mundial”, tal como Goethe a definiu), sem
recuo em relação ao que há aí de inócuo e provinciano. Daí que o jornalismo
cultural responda com muito maior urgência e solicitude à morte, também
recente, do escritor inglês Martin Amis (como se pode comprovar através de uma
simples pesquisa na Internet) do que ao falecimento de uma escritora portuguesa
que também assentou arraiais no teatro (com ligação, entre outros, ao Teatro da
Cornucópia: de cenógrafa a autora e tradutora de textos, nada do que diz
respeito a esta arte que implica trabalho colectivo lhe foi estranho) e foi
mulher de muitos ofícios culturais e literários.
Desde 2008, estava à frente da Casa da Achada – Centro Mário Dionísio, que ela
fundou com um conjunto de amigos e transformou em centro cultural, situado no
coração de Lisboa, na Mouraria, com um programa de actividades que sempre
estiveram muito, mesmo muito, para além da evocação e tratamento do espólio
literário do seu pai. A última manifestação editorial, e também festiva, da
Casa da Achada foi o lançamento, no dia 25 de Abril, do quarto volume de
Passageiro Clandestino, o diário de Mário Dionísio, acompanhado por dois
volumes de notas de Eduarda Dionísio.
Nas exíguas reacções dos media, ocorreu a expressão “activista cultural”. A
essa categoria podemos dizer que pertenceu de facto Eduarda Dionísio, na
condição de darmos a essa palavra, “activista”, um sentido que não coincide
exactamente com o que a palavra hoje evoca. A cultura foi de facto o seu campo
de acção (e também de estudo e investigação, que deu origem a um livro chamado
Títulos, Acções, Obrigações, com um subtítulo descritivo: Sobre a Cultura em
Portugal – 1974-1994), sempre vinculado à acção política. Mas a ideia – e a
prática – de divulgação cultural e o militantismo bem-intencionado que faz da
cultura um mecanismo bem oleado e deslizante, sem atritos, nunca foi o que a
mobilizou. O seu “activismo cultural” era parcial (isto é, tomava partido) e
fortemente crítico. O seu percurso, até ao fim, foi sempre o de caminhos
minoritários. De onde estabeleceu a sua residência, teve certamente tempo e
disposição para fazer o balanço das fidelidades e das traições. E, apesar de os
tempos não serem de feição para o tipo que ela representou, não se deu por
alguma vez se ter sentido derrotada. A Casa da Achada é um lugar vitorioso.
O livro mais representativo da obra literária de Eduarda Dionísio é certamente
Retrato dum Amigo Enquanto Falo (1979). Na sua tematização política, é um livro
do encantamento e do desencantamento revolucionários (um livro que é quase o
coágulo de uma época, tal como ela foi vivida por uma “geração lírica”), mas no
que diz respeito à “escrita”, ao “texto” (como estas palavras, quase conceitos,
eram importantes no tempo em que esse livro foi escrito!), era ainda um livro
jubilante que emergia de um ambiente intelectual movido pela força da “teoria”.
Nessa época, não era possível ler a última palavra do título, “Falo” sem pensar
na linguagem e nos conceitos da psicanálise.
António Guerreiro, Ipsilon, Suplemento do Público, 25 de Maio
Uma voz de outro mundo, umas pernas
de levar à loucura, uma lenda, um verdadeiro animal de palco.
Sozinha lutou contra tudo e mais
alguma coisa como o seu primeiro marido Ike Turner, um atrasado mental
violento, um machista nato, um invejoso : «Ele costumava usar o meu nariz como saco de
pancada tantas vezes, que eu sentia o sabor do sangue na minha garganta quando
cantava», disse um dia Tina.
Mandou Ike dar banho ao cão e que nunca mais lhe aparecesse pela frente.
Hoje, que a Feira do Livro abre as suas portas, fui
buscar o 1º volume dos Cadernos de Lanzarote,
entrada do dia 4 de Junho de 1993.
A imagem que acompanha o texto mostra os jacarandás
das muitas fotografias que lhes tiro sempre que vou à Feira:
Na Feira aparece uma pessoa a comprar todos os meus livros. Põe-nos todos diante de mim para que os autografe, os grossos e os finos, os caros e os baratos, trinta e tal contos de papel, conforme vim a saber depois, e o que me desconcerta é que o homem não é um convertido recente ao saramaguismo, um adepto de fresca data, um neófito disposto às mais loucas ousadias, pelo contrário, falo do que de mim leu com à-vontade e discernimento. Resolvo-me a perguntar-lhe a razão da ruinosa compra, e ele responde simplesmente, com um sorriso onde aflorou uma rápida amargura: «Tinha-os todos, mas ficaram na outra casa.» Compreendi. E depois de ele se ir embora, ajoujado sob a carga, pus-me a pensar na importância dos divórcios na multiplicação das bibliotecas…
Nunca li nenhum livro de Javier Cercas.
Mas
no Ipsilon, suplemento das sextas-feiras do Público de 12 de Maio,
atravessei-me numa entrevista, conduzida por José Riço Direitinho, e gostei.
Não irei desalmado ler Javier Cercas. Tenho
tanto livro para ler, outros que quero mesmo reler, o tempo vai-me faltando,
mais qualquer coisa.
A
entrevista tem por título: «Os livros têm de sair das tripas».
Recorto-vos
este pedacinho:
«Um leitor que não saiba que os livros nos
mudam a vida não é um bom leitor. Um leitor cuja vida não tenha sido mudada por
um livro não sabe ler. Porque os livros mudam o mundo mudando a percepção que o
leitor tem do mundo. Todos sabemos que isso nos aconteceu com determinados
livros. Talvez não de maneira tão radical como aconteceu com Melchor. Mas ele é
o melhor leitor que eu conheço, é o contrário de um intelectual, é um selvagem,
um bárbaro. Horácio disse: a História fala de ti. Isso é o que sentimos quando
lemos um livro importante. Isso é o que Os Miseráveis fez com Melchor, pôs-lhe
um espelho diante».
José
Riço Direitinho diz-nos quem é Melchor, citado atrás:
«É em Terra Alta (Porto Editora, 2020) que cria o carismático polícia Melchor Marín
– originário de um dos bairros mais problemáticos de Barcelona, filho de uma
prostituta, e que conhece a prisão muito jovem. Mas nessa estada no cárcere,
conhece o "Francês", o bibliotecário da prisão, que lhe dá a ler Os
Miseráveis, de Victor Hugo, e a sua vida muda. E anos depois prossegue num
pequeno lugar catalão, Terra Alta, "onde nada acontece". Mas Javier
Cercas não se ficou por este romance com o polícia Marín e decidiu contar mais
histórias; o terceiro volume acaba de ser lançado em Portugal, O Castelo do
Barba-Azul.»
Há 25 anos a EXPO-98 abria as suas portas sendo a
última exposição mundial do século XX.
Mais
de 10 milhões de pessoas visitaram-na e contou com 143 países e 14 organizações
internacionais.
Por alturas de 1996, no meio de um
ensopado de enguias, em Cacilhas, juntamente com o António Abaladas, surgiu a
ideia de tirar fotografias a locais onde iria surgir a Expo.
O plano incluía que se tentaria, durante a
Exposição, tirar fotografias ao que se encontrava nos locais das fotografias
tiradas antes de tudo acontecer.
Não houve unhas para tocar a guitarra
pensada no meio de um ensopado de enguias em Cacilhas.
A revelação das fotografias pré-Expo não
foi famosa e o tempo acabou por aniquilá-las um pouco mais.
Em Agosto de 1988, no JL, o jornalista Rodrigues da Silva, escreveu:
… há que temer pelo futuro daquela
arquitectura. De pé ficará, mas rodeada urbanisticamente de quê?
Onde estiver a fumar a sua cigarrada, o Rodrigues da Silva já sabe no que deu o futuro daquela arquitectura, encontrado o António Mega Ferreira e já discutiram largamente o assunto.
Sempre preferi a História à Política.
De Política apenas o mínimo para saber do que vai pelo
País, pelo Mundo.
E por este jardim à beira-mar plantado a política está um
horror.
Como escreveu, citando Karl Valentin, Ana Cristina Leonardo nacrónica de sexta-feira no Público:
«Esperemos que não seja tão grave como já é».
O de hoje
refere o Restaurante Farta-Brutos onde Saramago, algumas vezes, ia almoçar, preferencialmente Pataniscas de
Bacalhau.
A
primeira vez que por ali entrou, escolheu aquela mesa de canto, onde, depois de
almoçar, ficava a ler e a escrever.
É essa
mesa que acima se reproduz, tirada do jornal Expresso.
O Farta-
Brutos fica no Bairro Alto, na Travessa da Espera com a Rua das Gáveas.
Um dos
proprietários chegou a ser o pai do Dinis Machado, que foi árbitro de futebol e
escrevia no República. Cheguei a ir
lá com o meu pai que, de preferência escolhia pratos onde entrava bacalhau e,
como Saramago, também gostava de pataniscas, mas sempre disso que as melhores Pataniscas
de Bacalhau ainda eram as do Tagarro.
As
fotografias que do Farta Brutos por aqui deixo, tirei-as em data antiga que
agora não consigo precisar.
Francisco de Oliveira era o proprietário do restaurante quando um dia José Saramago, pela primeira vez ali entrou, olhou e escolheu a tal mesa do canto da sala.
Quando
Saramago morreu, Francisco Oliveira foi ao velório, sem saber bem o que
escrever no Livro de Condolências, ocorreu-lhe o seguinte recado:
«Senhor
Saramago, onde estiver, se precisar de umas pataniscas, escreva-me!»
Tu ensinaste-me a fazer uma casa:
com as mãos e os beijos.
Eu morei em ti e em ti meus versos procuraram
voz e abrigo.
E em ti guardei meu fogo e meu desejo. Construí
a minha casa.
Porém não sei já das tuas mãos. Os teus lábios perderam-se
entre palavras duras e precisas
que tornaram a tua boca fria
e a minha boca triste como um cemitério de beijos.
Mas recordo a sede unindo as nossas bocas
mordendo o fruto das manhãs proibidas
quando as nossas mãos surgiam por detrás de tudo
para saudar o vento.
E vejo teu corpo perfumando a erva
e os teus cabelos soltando revoadas de pássaros
que agora se recolhem, quando a noite se move,
nesta casa de versos onde guardo o teu nome.
Joaquim Pessoa
Li e conversei o necessário, para um dia poder concluir que estou muito bem sem deuses e anjos.
Respeito os que acreditam naquilo que entendem
acreditar, gostaria que respeitassem o meu ateísmo.
Papa Francisco:
«Hoje estou
muito triste, porque no país onde apareceu Nossa Senhora foi promulgada uma lei
para matar. Mais um passo na grande lista dos países que aprovaram a eutanásia».
Ser simples não é fácil.
Um homem é pouco para mudar a história.
Até os relógios avariados dão horas certas
em determinados momentos.
Não gosta, dê corda aos sapatos.
Prove que é mentira o que estou a dizer.
Não morrer à nascença já é façanha.
Reunir os amigos numa mesma linguagem.
São
milhares e milhares os portugueses que ainda não têm médico de família.
Os estudantes universitários não encontram casas, quartos, a preços acessíveis nas cidades para onde foram estudar,
O governo
está repleto de incompetentes. «No jobs
for the boys», disse António Guterres quando um dia chegou a
primeiro-ministro do reino, ou chover no molhado, chorar sobre o leite
derramado.
Mas há
dias, o governo aprovou as mudanças na lei do tabaco, que incluem a proibição
de fumar em esplanadas à porta de restaurantes, cafés, ao ar livre junto a
escolas, faculdades.
«Não
sou fumador. Mas detesto que outros escolham o que é bom para mim. E o que a
Lei do Tabaco vem criar, na senda do fundamentalismo americano que atravessou o
Atlântico e chegou à Europa, é uma sociedade de delatores e um grupo social de
párias. De delatores, porque os cidadãos são incentivados a denunciar aqueles
que fumam em espaços onde tal será proibido, se não o fizerem de moto próprio, os
respectivos proprietários. De párias, porque são tratados como um grupo que tem
de ser erradicado da sociedade. Não há produto sobre o qual, na Europa e nos
Estados Unidos, mais campanhas têm sido feitas, a explicar os seus malefícios.
Haverá muito poucos cidadãos europeus, com mais de 18 anos, que não saibam que
o tabaco pode provocar cancro, impotência e outras doenças. Mas, dito isto,
deixem-nos exercer o nosso direito a decidir. Deixem-nos escolher se queremos
ir a um restaurante onde se pode fumar ou não. Deixem-nos escolher se comemos
chouriços e morcelas ou alimentos vegetarianos. Deixem-nos andar a uma
velocidade decente nas estradas e não a uns irracionais 120 km/h. Deixem-nos
assar sardinhas no carvão, matar o porco nas aldeias, ir a touradas. Dêem-nos
toda a informação. Mas não escolham por nós o que devemos fazer. Só assim
teremos uma sociedade responsável e não um grupo de mentecaptos acéfalos,
prontos a obedecer sem pensar ao primeiro tiranete que subir ao palco»
Nicolau Santos, jornalista no ano de 2010.
A Morte Feliz
Albert
Camus
Tradução:
José Carlos Gonzalez
Introdução
e notas: Jean Sarocchi
Capa:
Infante do Carmo
Livros do
Brasil, Lisboa s/d
Nesse domingo ao voltar a casa, com todos os seus pensamentos em Zagreus, antes de entra no quarto, Mersault ouviu gemidos que vinham do apartamento de Cardona, o tanoeiro. Bateu à porta. Ninguém respondeu. Os lamentos continuavam. Entrou sem esperar que lha abrissem. O tanoeiro estava em cima da cama, enrolado sobre si mesmo como uma bola, e chorava, soltando grandes soluços de criança. A seus pés, a fotografia de uma mulher de idade. «Morreu», acabou por dizer, muito a custo. Era verdade, mas isso acontecera havia já bastante tempo.
Alguém tem de amar
o banal. Alguém tem de tratar disso. Os
rostos que passam idênticos
como os pombos
de uma praça. A mala
que apenas fecha se alguém
se senta em cima. Insectos suicidando-se
contra o brilho dos faróis. O apetite
da ferrugem
nos portões da avenida. Alguém
tem de amar o vulgar (falar
do que é
ordinário). O cheiro a peixe frito que
sobe desde a cozinha. As luas que nascem dos
dedos quando
se roem as unhas. Alguém tem de amar
o que é feio
(trazê-lo para o poema). Só assim
por entre o impuro pode o
incêndio acontecer.
João Luís Barreto Guimarães
Há dias, na esplanada do Café do Bairro, o Dudu dizia que no incompetente governo do PS, os ministros sentavam-se nas respectivas mesas e a um canto da sala o ministro João Galamba, virado para a parede, exibia umas orelhas de burro.
Interpelado, ontem, por um batalhão de
jornalistas à entrada para o congresso da Associação Portuguesa para o
Desenvolvimento das Comunicações, Galamba foi questionado sobre se sentia ter
condições para continuar no Governo.
Com uma irónica
idiotice, respondeu:
«Não vê
que estou com imensas condições para continuar? E nada tenho para acrescentar
sobre esta matéria além do que disse o primeiro-ministr0.»
Pode ser-se
mais burro ainda?
José
Saramago é de opinião que as melhores personagens dos seus livros são mulheres.
Mas nunca
teve uma relação fácil com a mãe.
A morte
prematura de Francisco, seu irmão mais velho, abalará profundamente qualquer relacionamento.
O relacionamento com os pais aparece como uma situação delicada na infância do
escritor. Por dificuldades económicas, as constantes mudanças de partes de casa
em Lisboa não ajudavam em nada a situação. Os afectos estão ausentes, apenas palavras
soltas acontecem entre mãe e filho. Também o silêncio. «O silêncio por definição é o que não se ouve». Saramago reconhece
nas suas Pequenas Memórias certa
secura que a sua mãe lhe dispensaria durante toda a infância. Também numa
conversa com Juan Arias:
«Tive um
irmão, dois anos mais velho do que eu, que morreu muito cedo, e recordo que a
minha mãe, evidentemente de maneira inconsciente, me fez sofrer quando era
pequeno, comparando-nos e elogiando o filho desaparecido. A vida fez dela uma
mulher algo dura, austera. Lembro-me de que lhe pedia um beijo e que nuna me
dava. Isso que é o normal na relação entre mãe e filho, sobretudo quando se é um
miúdo pequeno, em que ela está sempre a fazer-nos festas e a dar-nos beijos, eu
não o tive. Isso doía-me muito e, por fim, quando, perante a minha insistência,
minha mãe me dava um beijo era de fugida. Gostava muito de mim, nunca duvidei,
mas a expressão do seu amor comigo bloqueava-se-lhe.»
José
Saramago numa entrevista à Folha de S. Paulo, 18 de Outubro de 1995;
Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim um atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato
de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.
Manoel de Barros
Lentamente,
foi a isto que chegámos.
O
Parlamento Europeu decidiu esta terça-feira que vai deliberar com urgência uma
proposta da Comissão Europeia que vai possibilitar a utilização do Plano de Recuperação
e Resiliência para investir na indústria de produção de munições.
Entretanto
a senhora Ursula von der Leyen está neste momento em Kiev preparando o terreno
para a adesão da Ucrânia à União Europeia.
A seu
lado desfiando palavras em que diz que a
Ucrânia está na linha da frente da defesa de tudo aquilo que nós, europeus,
defendemos: a nossa liberdade, a nossa democracia, a nossa liberdade de
pensamento e de expressão.
A seu
lado, Zelensky volta a insistir para que a União Europeia sancione a Rússia,
com novas medidas e a senhora Ursula von der Leyen responde que Bruxelas Bruxelas
tem desde sexta-feira o 11.º conjunto de medidas punitivas em cima da mesa.
Nuvens
negras, muito negras mesmo, ao longe…
Lentamente, foi a isto que chegámos…
Erico
Veríssimo
Capa:
Bernardo Marques
Colecção
Livros do Brasil nº 9
Livros do
Brasil, Lisboa, s/d
Clarissa abre o seu diário de capa verde e
escreve:
Quero escrever neste diário tudo o que
penso, tudo o que sinto. Mas a gente nunca escreve tudo o que pensa, tudo o que
sente. Por que será que só somos sinceros pensando?
Preciso ter um diário porque não tenho com
quem conversar. As minhas colegas do Elementar não gostam de mim. (Não sei por quê!)
A única que me procura é a Dolores.
No diário é como eu estivesse conversando
comigo mesma. Assi, tenho a impressão de que sou menos só.
Que pode interessar, à esmagadora maioria dos portugueses, por causa de um ministro incompetente, saído da «jota», sem alguma vez ter sentido o pulso da vida quotidiana, a luta palaciana entre o Presidente da República e o Primeiro-Ministro.
RIGOROSAMENTE NADA!
Os portugueses queriam que os dois mais altos representantes
se interessassem pela vida dos que sentem na pele que, quando muito falta para
o final de um mês, o dinheiro não chega para pagar, ao banco, a prestação da casa, ou dar de comer aos filhos.
Mas, tristemente, esperarão sentados!
«Aviso a tempo por causa do tempo: considero um erro enorme ter-se centrado a crise política dos últimos dias na defesa de Galamba, com um comprometimento directo do primeiro-ministro com um ministro tóxico, que não o merece e que vai dar muitos problemas ao Governo. Outros mereciam mais, mesmo Pedro Nuno Santos. Acresce que penso que o Governo é medíocre em muitas áreas e merecia uma remodelação a sério. O que tenho a dizer sobre a crise do Governo está dito.»
José Pacheco Pereira, Público, 6 de Maio de 2023
«Essa nova elite, que não se parece com as antigas (que eram as do nome de família, de nascimento, os aristocratas, mas que eram quase sempre descendentes de um merceeiro que tinha feito fortuna), essa nova elite é a da democracia – mas não é melhor, só leem as revistas do coração, lixo, e consomem exatamente os mesmos produtos que o lumpen. Consomem a mesma televisão, as mesmas revistas e os mesmos jornais. Já fui a casa de pessoas com muito dinheiro, que têm uma casa maravilhosa, com arte – agora toda a gente tem arte –, objetos de design extraordinários e depois apercebemo-nos de que não há um livro.»
José Tolentino Mendonça
Não é bem
o Outro Lado das Capas porque a contra capa do livro, excepção feita às
palavras FIGURAS/MÚSICA A REGRA DO JOGO, está em branco. Pego antes na 1ª página
onde se fica a saber que Corações
Futuristas, com o subtítulo Música Popular Notas Sobre Brasileira, foi
comprada na Livraria Opinião e custou-me 280 escudos, ao cambio de hoje, qualquer coisa como um euro e 14 cêntimos.
No ano de
1978 ainda era um entusiasta da Música Brasileira, a nova e a antiga.
Mas, essencialmente, comprei o Corações Futuristas causa da capa do João Botelho.
Do autor sabia que James Anhanguera era o pseudónimo do jornalista português Sérgio Fernandes, que escrevia no «Musicalissimo», semanário de música e espectáculos, dirigido pelo José Jorge Letria, que começou a ser publicado antes do 25 de Abril e terminou no ano de 1982. Lembro-me que por ali colaboraram Fernando Assis Pacheco, Mário Contumélias, José Nunes Martins e tantos outros.
As passagens de leitura que, calmamente, fiz na Opinião, não se mostraram conclusivas, nem entusiasmantes, mas como, já disse, comprei o livro pela capa do João Botelho.
Ainda há dias encontrei na Loja Frenesi Corações Futuristas, «exemplar estimado; miolo limpo» pelo preço de 22,00 euros.James
Anhanguera
Capa:
João Botelho
A Regra
do Jogo Edições, Lisboa 1978
Um dos maiores êxitos do início da carreira
d Chico foi feito d propósito para nara leão, cantora d voz simples, enxuta, no
melhor estilo da bossa-nova, q havia acompanhado & incentivado o movimento
promovendo em seu apartamento na zona sul o encontro d músicos & poetas q
haviam entrado naquela.
«O artista procura o contacto com a sua noção intuitiva dos deuses, mas, para criar a sua obra, ele não pode ficar nesse domínio sedutor e incorpóreo. Tem de regressar ao mundo material para efectuar a sua obra. É responsabilidade do artista equilibrar a comunicação mística e o labor da criação.»
Patti Smith em Apenas Miúdos
Desde que ocupou o Palácio de Belém, Marcelo habituou-se a falar, todos os dias, a qualquer hora, sobre os mais diversos assuntos, e nunca se preocupou com a «estabilidade» de que ontem, no ralhete ao governo, falou.
A
experiência de décadas de diversa governação que António Costa já leva,
serviu-lhe de alguma coisa, agora que se atravessou por um ministro que, até os
cegos veem, não mereceria tal acto de quase suicídio?
Deu ontem,
mais uma vez, para ver: os comentadores televisivos, sejam os da política, sejam os do futebol, são verdadeiras nulidades.
Uma
enorme náusea, um vazio infinito.
«Algo que Mussolini, Hitler e também Thatcher
compreendiam todos muito bem é que se tem de destruir a principal forma de as
pessoas se defenderem – é preciso eliminar os sindicatos, impedir as pessoas de
falarem umas com as outras. É preciso deixá-las separadas. Isto é o mercado
ideal.»
Noam Chomsky, em entrevista ao Público
Chega Março e começo a observar o amadurecer das nêsperas na árvore que o meu vizinho Orlando tem no seu quintal.
Olho
também, quando começam mesmo a amarelecer, as paragens que a passarada vai
fazendo.
Gosto de
traseiras dos prédios de Lisboa.
Cristina
Carvalho, filha de Rómulo de Carvalho/António Gedeão, lembra o pai, nas noites
de Verão, após o jantar, debruçar-se no parapeito da janela, olhando as
traseiras: «cálida e cheirosa a noite. O
céu azul escuro repleto de estrelas.»
«No parapeito da janela, as eternas
violetas que regava dia sim, dia não, esperavam pela sua discreta atenção.
Ali ficava, em silêncio, a escrever. A
telefonia, sempre no mesmo posto, vertia baixinho.
Às oito em ponto jantava-se.
Conversava-se, então, e muito! E era bom quando de verão se abria a janela da
casa de jantar que dava para os quintais das traseiras e ouvíamos, como numa
reza prévia, como uma oração, as conversas das vizinhas, de janela para janela,
sempre e sempre àquela hora.
A comer e a conversar, ali estávamos à mesa mais ou menos uma hora. Era como a presença do verão – a época do ano que Rómulo mais gostava – por ali, pendurado das janelas das traseiras, mais ou menos pouco tempo.«
O
prédio onde nasci, cresci, tinha traseiras e essas traseiras tinham quintais
com árvores, papoilas, malmequeres, pássaros, joaninhas e gafanhotos, do
prédio, onde vive há cinquenta anos, também se vêem traseiras e quintais. E é
desse prédio que olha a nespereira do vizinho Orlando. O problema com as
nêsperas reside no facto de
terem de ser apanhadas um pouco antes de estarem no ponto, lindas, apetecíveis.
Se assim não for os pássaros comem-nas. Sim, porque um pássaro, com aquele
olho-de-lente é um finório, sabe o que é bom.
Os tempos
vão calmos e claros de brilho primaveril e se falamos em nêsperas, em
magnórios, como se diz no norte, temos sempre que desembocar no Rifão Quotidiano do Mário-Henrique
Leiria
«Uma nêspera
estava na cama
Deitada
muito calada
a ver
o que acontecia
chegou a Velha
e disse
olha uma nêspera
e zás comeu-a
é o que acontece
às nêsperas
que ficam deitadas
caladas
a esperar
o que acontece»
Lembra-se de uma dessas varanda» num prédio na Graça, por cima da Leitaria Mimosa.
O prédio foi reconstruído, já não tem varandas e a Leitaria Mimosa deixou de existir
O governo de António Costa é terrível, dramaticamente
incompetente.
O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa é um fala-barato
sem fim à vista.
Ambos colocaram o país no reino da anedota pura.
A vida dos portugueses é um drama diário.
«A poesia é
para comer, gritava a grande Natália, agora centenária. Ajudem pois a
alimentar-se aqueles que, como ela, vivem da paixão e do sonho.»
No cair da tarde, começo da noite, leio no Diário de Notícias-on line:
«Sorridente,
Marcelo Rebelo de Sousa saiu este fim de tarde do Palácio de Belém, a pé, para
ir jantar e cruzou-se com populares, recusando-se a comentar a atualidade
política. Aos jornalistas, apenas deixou uma frase:
«Terei
oportunidade de dizer aos portugueses o que penso, mas hoje não».