Congressos de Aveiro é um título genérico.
Realizaram-se três congressos.
Os dois primeiros designados por “Congresso Republicano de Aveiro”, o
terceiro como “ Congresso da Oposição Democrática” e todos tiveram, como cenário, a cidade de Aveiro.
O I Congresso realizou-se em Outubro de 1957, no âmbito das comemorações do 47º aniversário da Implantação da República e teve como secretário efectivo o escritor Mário Sacramento. Existia o propósito de estes congressos se realizarem de dois em dois, mas apenas em 1969 veio a realizar-se o II Congresso. A morte prematura, se bem que anunciada, de Mário Sacramento impediu-o de assistir ao Congresso por que tanto se batera.
Entendo-se que a oposição portuguesa não era apenas republicana, o último congresso veio a ter a designação de “III Congresso da Oposição Democrática”.
No fundo permitiram que, com limitações próprias, e todas as restrições impostas pelo regime ditatorial, fossem, publicamente, discutidos os muitos e diversos problemas que afectavam o país.
Neste III Congresso estiveram presentes alguns dos democratas que integraram, em 1969, as listas da C.D.E, da C.E.U.D. e da C.E.M.
O jornalista A. Villaverde Cabral, na reportagem sobre o 3º Congresso, escrevia no “Diário de Lisboa” de 6 de Abril de 1973:
“Num país onde as formações políticas de Oposição ao regime não têm expressão legal, cada um pode atribuir a cada um a tendência que muito bem entender, mas ninguém pode, num local público, por razões óbvias, afirmar “eu venho aqui em representação de”, “eu represento tantos democratas”.
A realização do III Congresso teve a rodeá-lo diversas incidentes.
Invocando que não autorizara a participação de todos os congressistas, apenas de uma pequena delegação, numa romagem à campa de Mário Sacramento, assim como a concentração junto ao monumento a José Estêvão, a Polícia de Choque carregou, violentamente, sobre congressistas , e não congressistas, ocasionando dezenas de feridos.
Raul Rego no seu “Momento” no “República” de 9 de Abril de 1973 escrevia:
“O Congresso de Aveiro terminou ontem e pode dizer-se, a despeito de todas as limitações, de incidentes, que ele contribuiu para o esclarecimento da nossa vida nacional.”
Por iniativa da “Seara Nova” foram, na altura, publicadas em livro, as teses e comunicações, tanto do "II Congresso Republicano" ,como as do "III Congresso Democrático".
Nos dias que antecederam o III Congresso, o jornal “República”, publicou um inquérito que envolveu as mais variadas gentes das mais variadas profissões.
Retenho o começo do depoimento do tipógrafo António Fradique Caldeira:
“Penso que não será com um Congresso da natureza dos que se têm feito em Aveiro que se poderão resolver os problemas dos trabalhadores portugueses. O Congresso de 1969 esteve pouco ligado às bases populares, foi mais uma reunião de “colarinhos engomados” do que com a participação da “ganga”.
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