sábado, 24 de abril de 2010

O POVO É QUEM MAIS ORDENA


24 de Abril de 1974.

Pontualmente, nos Emissores Associados de Lisboa, ouvia-se a voz de João Paulo Diniz: Faltam cinco minutos para as vinte e três horas, convosco Paulo de Carvalho com o Euro festival 74 “Depois do Adeus.

Mais tarde, às zero horas e vinte e nove minutos, na Rádio Renascença, Leite de Vasconcelos lia a primeira quadra de Grândola Vila Morena:

Grândola Vila Morena
Terra da Fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti ó cidade!

Madrugada dentro, no Rádio Clube Português, o jornalista Joaquim Furtado lerá o primeiro comunicado do Movimento das Forças Armadas:

Aqui Posto de Comando das Forças Armadas


Desde 1965 Bob Dylan ia dizendo que os tempos estavam a mudar.


A partir daqui, em Portugal as coisas não continuariam a ser como eram.
Assim será até ao dia 25 de Novembro, o Dia de Todos os Desencantos.

António Rego Chaves, amos mais tarde, no Diário de Noticias:

Tenho uma imensa saudade dos antifascistas de 24 de Abril de 1974. Era, aparentemente, gente boa, pura, desinteressada em obter ganhos pessoais, generosa. Depois, apenas um dia depois, o minúsculo vírus não identificado que, afinal de contas, tantos deles já traziam adormecido no cérebro e lhe roía as entranhas pôs-se a crescer, a crescer desmesuradamente, sem eira nem beira, como um polvo, uma maldição, até nos revelar o seu horrendo segredo: o oportunismo, a ganância, a sede de vingança, nem que fosse um pequeno pontapé nas canelas do “chefe” da véspera, do vizinho do lado, do gato comunitário, vulgo vadio.


Diana Andringa:


Quem partiu o espelho dos sorrisos de Abril?

Sem comentários: