domingo, 18 de abril de 2010

A MORTE SAÍU À RUA



ORFEU STAT 012
Arranjo gráfico e capa: José Santa Bárbara
Produção : José Niza
Gravado nos Estúdiso Celada, S. A, Madrid de 6 a 13 de Novembro de 1972
Lado 1
A Morte Saíu à Rua - José Afonso
Fui à Beira do Mar - José Afonso
Sete Fadas Me Fadaram - António Quadros (pintor)/José Afonso
Ó minha Amora Madura - Arranjo de José Afonso
O Avô Cavernoso - José Afonso
Lado 2
Ó Ti Alves - José Afonso
No Combóio Descendente - Fernando Pessoa//José Afonso
Eu Vou Ser Como a Toupeira - José Afonso
É para Urga - José Afonso
Por Trás Daquela Janela - José Afonso

Na sua edição de 1 de Dezembro de 1972, o "Musicalissimo" referia "Eu Vou ser como a Toupeira" um álbum "simples mas quase genial."

Destacava "Ti Alves" e "Por Trás Daquela Janela" como "verdaeiras obras-primas de simplicidade e bom gosto."

"A Morte Saíu à Rua" evoca o pintor José Dias Coelho assassinado pela PIDE, em Lisboa, na Rua da Creche, no dia 19 de Dezembro de 1961.

"A Morte Saíu à Rua"
"A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome pr'a qualquer fim
Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue dum peito aberto sai

O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal
E o som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte o rei morreu!

Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale
À lei assassina à morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou

Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim
Na curva da estrada há covas feitas no chão
E em todas florirão rosas duma nação."




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