sexta-feira, 30 de abril de 2010

MAIO MADURO MAIO

Amanhã começa Maio.

Maio me molhou, Maio me secou.

O 5º mês do ano tem 31 dias.

Durante o mês o dia aumenta 52m.

No dia 1 o sol nasce às 05h e 40 m o Ocaso ocorrerá às 19h e 29 m.

No dia 31 o sol nasce às 05 h e 14 m e o Ocaso às 20h e 00m.

As mulheres nascidas em Maio são Formosas, meigas e sensíveis; têm bom coração, bons sentimentos e são finas sobre todos os pontos de vista. Pouco enérgicas conseguem, no entanto, realizar as suas ocupações.

Os homens nascidos em Maio são alegres, afectuosos e sentimentais. Criam amizades com facilidade e são fieis pesar da sua natural inconstância. Com bom coração gostam de ser prestáveis. Amam as artes e a literatura. Ardentes e presunçosos, com uma certa habilidade conseguem levar a água ao seu moinho.

Nas hortas e jardins, Maio é um mês de permanente actividade.

Semeiam-se abóboras, agriões, aipos, alfaces, beringelas, beterraba, bróculos, cenouras, couves, ervilhas, espinafres, feijões, melancia, melão de Inverno, pepino, pimentos, tomate.

No jardim semeiam-se cravos, manjericos, papoulas.

Cautela com os caracóis, lesmas e lagartas.

Devem castrar-se os bezerros, porcos e cordeiros. Tosquiar as ovelhas. Maio é o melhor mês para a criação de coelhos.

Incensos: eucalipto, pinho e cravo

Pedra: esmeralda

Metal: cobre

Cor: verde
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Maio é o mês de Maria.

O ano passado, no dia 21 de Maio, morria João Bénard da Costa.

Numa das suas crónicas no “Público”, publicada no dia 2 de Maio de 2003 escrveu:

“Desejo-vos um maravilhoso mês de Maio”,

Das rosas também se diz que Maio é o mês. 

Lembra-o Manuel a abrir a “Praça da Canção”:

"Nasci em Maio, o mês das rosas, diz-se. Talvez por isso eu fiz da rosa a minha flor, um símbolo, uma espécie de bandeira para mim mesmo.
E todos os anos, quando chegava o mês de Maio, ou mais exactamente, no dia 12 de Maio, às dez e um quarto da manhã (que foi a hora em que eu nasci), a minha mãe abria a porta do meu quarto, acordava-me com um beijo e colocava numa jarra um ramo de rosas vermelhas, sem palavras. Só as suas mãos, compondo as rosas, oficiavam nesse estranho silêncio cheio de ritos e ternura.
Nesse tempo o Sol nascia exactamente no meu quarto. Eu abria a janela. Em frente era o largo, a velha árvore do largo dos ciganos. Quando chegava o mês de Maio, eu abria a janela e ficava bêbado desse cheiro a fogueiras, carroças e ciganos. E respirava o ar de todas as viagens, da minha janela, capital do mundo, debruçado sobre o largo onde começavam todos os caminhos.(…)
Em Maio de 1963 eu estava na cadeia. Por vezes, a meio da noite, um grito abalava as traves da minha cabeça, direi mesmo da minha vida, e eu acordava suado, dolorido, como se um rato (talvez o medo?) me roesse o estômago. E era inútil chamar. Onde ficara essa voz que dantes vinha repor o sono no seu lugar, repondo a paz dentro de mim? E as manhãs penduradas no mês de Maio, onde acordar era uma festa? Onde ficara a ternura? Onde ficara a minha vida?(…)
Os fantasmas tinham entrado no meu sono, invadiram a minha casa no cimo da ternura; os fantasmas eram donos do País. E se eles viessem de repente, a meio da noite, e eu chamasse:
- Mãe!
A voz (tão calma) de minha mãe já nada poderia contra eles. Era um trabalho para mim, uma tarefa para todos aqueles que não podem suportar a sujeição. Eu nunca pude suportar a sujeição. Acaso poderia ter escolhido outro caminho?
Por isso, em Maio de 1963, eu estava na cadeia, isto é, de certo modo, eu estava no meu posto.
No dia 12 não acordei com o beijo de minha mãe.
Porém, nessa manhã (não posso dizer ao certo porque não tinha relógio, mas talvez – quem sabe? -, às dez e um quarto, que foi a hora em que eu nasci), o carcereiro abriu a porta e entregou-me, já aberta, uma carta de minha mãe. E ao desdobrar as folhas que vinham dentro do sobrescrito violado, a pétala vermelha, duma rosa vermelha, caiu, como uma lágrima de sangue, no chão da minha cela.”

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