Muitos esqueceram, outros não querem ouvir falar, a maioria não sabe.
Antes do 25 de Abril havia livros, discos, filmes proibidos.
Uma feroz censura abatia-se sobre a cultura, o livre pensamento.
Os jornalistas tiveram que aprender e escrever nas entrelinhas, os leitores nas entrelinhas aprenderam a ler.
Em Setembro de 2001 o “Notícias da Amadora”, publicou 30 cadernos onde foram reproduzidos os cortes parciais, os cortes totais que a censura infligiu ao jornal:
“Alguns dos artigos eram enviados à censura, deliberadamente, sem assinatura. Havia autores proibidos e o seu nome era bastante para que a peça fosse cortada”.
César Príncipe, no seu livro “Os Segredos da Censura” escreve:
“A Censura foi a parra, o tapa-sexo de um regime, cujo pudor ocultava as insaciáveis aberrações das suas partes baixas”.
Em Março de 1967 o escritor Luís de Sttau Monteiro foi preso pela PIDE.
Motivo?
A publicação da peça de teatro “Guerra Santa”.
.José Gomes Ferreira em “Os Dias Comuns” Vol. II:
“7 de Abril
O Magalhães Godinho esta tarde:
-O Supremo Tribunal de Justiça negou, por unanimidade, o “Habeas Corpus” ao Sttau Monteiro.
E com voz nítida e articulada, para o futuro ouvir bem, repetiu:-POR UNANIMIDADE.
A palavra “unanimidade” ainda conseguiu assombrar o grupinho…
Nem um, ao menos? Nem um juiz, ao menos?”
10 de Abril
Garantiram-me que o Sttau Monteiro mandou uma carta ao chefe da PIDE, nos seguintes termos: constando-lhe que a Mãe e outros familiares faziam diligências no sentido de o libertarem, em troca duma declaração de repúdio da peça, vinha preveni-lo de que nunca entraria em compromissos desse género, visto orgulhar-se muito de ter escrito “A Guerra Santa”.
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