quinta-feira, 1 de abril de 2010

O CANTO E AS ARMAS

ADRIANO CORREIA DE OLIVEIRA
O CANTO E AS ARMAS
ORFEU STAT 003
Editado em 1969
Acompanhamento à viola de Rui Pato
Capa e trabalho fotográfico de J. Bugalho
Lado A
E de Subito Um Sino - Poema dito por Ruy Mendes - Adriano/Rui Pato/Manuel Alegre
Raiz - Manuel Alegre/Adriano
E a Carne se Fez Verbo - Manuel Alegre/Adraino
E o Bosque se Fez Barco - Manuel Alegre/Adriano
Peregrinação - Manuel Alegre/Adriano
A Batalha de Alcacer Quibir - Manuel Alregre/Rui Pato/Adriano
Regresso - Manuel Alegre/Adriano

Lado B
Canção da Fronteira - António Cabral/Adriano
Por Aquele Caminho - José Afonso/Rui Pato/Adriano
Canto da Nossa Tristeza - Manuel Alegre/L. Colaço
Trova do Vento Que Passa Nr. 2 - Manuel Alregre/Adriano
As Mãos - Manuel Alegre/Adriano
Post -Scriptum - Manuel Alegre/Adriano

Por Aquele Caminho

Por aquele caminho
De alegria escrava
Vai um caminheiro
Com sol nas espáduas

Ganha o seu sustento
De plantar o milho
Aquece-o a chama
De um poder antigo

Leva o solitário
Sob os pés marcado
Um rasto de sangue
De sangue lavado

Levanta-se o vento
Levanta-se a mágoa
Soltam-se as esporas
De uma antiga chaga

Mas tudo no rosto
De negro nascido
Indica que o negro
É um espectro vivo

Quem lhe dá guarida
Mostra-lhe a pintura
Duma cor que valha
Para a sepultura

Não de mão beijada
Para que não viva
Nele toda a raiva
Dessa dor antiga

Falta ao caminheiro
Dentro da algibeira
Um grão de semente
De outra sementeira

O sol vem primeiro
Grande como um sino
Pensa o caminheiro
Que já foi menino




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