O José Fonseca e
Costa, na Biografia Literária do Alexandre
O’ Neill, escrita por Maria Antónia Oliveira, revelava que o poeta comia em
tascas e bebia em tabernas, e uma das tascas era a Estrela da Sé que é cenário
das Recordações da Casa Amarela.
João César
assinala que a cena 06 de Recordações da Casa Amarela se passa, de dia,
no restaurante Estrela da Sé.
Quando vi o
filme, fiquei com a ideia que a cena interior se passa no restaurante Faz
Frio ao Príncipe Real.
Mantenho a
dúvida.
Eduardo Guerra
Carneiro pensou o mesmo, mas engana-se quando diz que Duarte Almeida, nome que
João Bénard da Costa utilizava enquanto actor, come um frango assado em vez da garoupa
com todos.
É este o pedaço
do texto do Eduardo que vem em Outras Fitas:
«… nesse inesquecível Recordações da casa Amarela, do
João César Monteiro, atacando um frango assado, de forma erótica, num reservado
do Restaurante Faz Frio.
A Estrela da Sé fica
no nº 4 do Largo de Santo António e abriu portas no distante ano de 1814.
Hoje faz parte das
Lojas Com História, seja lá o que isso for.
Ao longo dos últimos
tempos, tem conhecido várias facetas, acompanhando o surto turístico que tem
vindo a invadir e a descaracterizar Lisboa.
Perdeu aquele jeito de tasco da antiga Lisboa, com comida a saber mesmo a comida e fica-se agora com os tiques e sinais da Lisboa turística.
Estas fotografias não
são recentes, mas já são de tempos nova vaga.
O meu pai tinha uma
certa ternura por esta casa.
Como nasceu na Rua da
Padaria, que fica um pouco abaixo da Estrela da Sé, conhecia-a de longa data.
Fomos lá uma vez
jantar, mas nunca mais repetimos o cenário.
Foi um jantar para o
cinzento, amargas recordações da infância do meu pai que, mesmo fazendo todos
os esforços, não deixaram de vir à baila e acabaram por ensombrar o repasto e a conversa.
O meu pai comeu pescadinhas de rabo na boca com arroz de grelos e eu fiquei-me por umas iscas à portuguesa.
Nem a comida, nem as duas garrafas de Periquita, fizeram esquecer o que para trás ficou na infância do meu pai.
José Cardoso Pires,
na Balada da Praia dos Cães tem esta passagem:
«Seriam umas onze da noite, onze cucos disparados um a um por cima dos
telhados da Sé, quando Elias se sentou à mesa da sala do lagarto com vista para
o Tejo.
Antes disso porém comeu o seu besugo grelhado na sala luarenta do
Estrela do Limoeiro com vista para o balcão e porta da calçada. A essa hora de
desiludidos, Elias só teve por companhia duas velhas de guardanapo à coleira,
que batiam castanholas com as dentaduras à mesa do canto, e três canários de
gaiola suspensos no tecto de tabuinhas. Ao alto do aparador havia o cartaz do
galo de Barcelos a anunciar Portugal.»
Quando li o livro,
fiquei com a ideia que Cardoso Pires remetia para a Estrela da Sé.
Andei às voltas para localizar a Estrela do Limoeiro, perguntas várias a conhecedores da zona, mas nada consegui apurar.
Andei às voltas para localizar a Estrela do Limoeiro, perguntas várias a conhecedores da zona, mas nada consegui apurar.
1 comentário:
Este blogue fascina-me:
"...com comida a saber mesmo a comida".
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