sexta-feira, 18 de junho de 2021

OLHAR AS CAPAS


Vencer!

Roger Martin du Gard

Tradução: Maria Lamas

Círculo de Leitores. Lisboa s/d

Mais uma vez, avalia a que ponto o mal-entendido é irremediável, a que ponto são e continuarão a ser dois. Talvez ele não tenha culpa… Mas que parte cabe também ao outro!

O automóvel ronca em frente da porta.

Como um autómato, André desce a escadaria.

Encostado ao carro, muito direito, recebe o beijo de adeus; depois fecha a porta:

- Vá…

Maquinalmente, diz a meia voz:

- Eis-me sòzinho!

Levantar-se-á sozinho: sentar-se-á sozinho à mesa, sòzinho…

Voltará da herdade; onde está ela?... Na sala, ninguém; no quarto, ninguém…

-Sòzinho!

Sente-se pregado ao fim da escadaria por um indivisível terror de viver. A porta de entrada aberta como um túmulo.

Ergue os olhos para a casa vazia…

Maria, curiosa, debruçada da janela da senhora, segue com os olhos o automóvel que desce a avenida.

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