Vencer!
Roger Martin du
Gard
Tradução: Maria
Lamas
Círculo de
Leitores. Lisboa s/d
Mais uma vez, avalia a que ponto o mal-entendido é
irremediável, a que ponto são e continuarão a ser dois. Talvez ele não tenha
culpa… Mas que parte cabe também ao outro!
O automóvel ronca em frente da porta.
Como um autómato, André desce a escadaria.
Encostado ao carro, muito direito, recebe o beijo de
adeus; depois fecha a porta:
- Vá…
Maquinalmente, diz a meia voz:
- Eis-me sòzinho!
Levantar-se-á sozinho: sentar-se-á sozinho à mesa, sòzinho…
Voltará da herdade; onde está ela?... Na sala,
ninguém; no quarto, ninguém…
-Sòzinho!
Sente-se pregado ao fim da escadaria por um indivisível
terror de viver. A porta de entrada aberta como um túmulo.
Ergue os olhos para a casa vazia…
Maria, curiosa, debruçada da janela da senhora, segue
com os olhos o automóvel que desce a avenida.
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