20 de Junho de 1967
Diz-se que o homem são é o homem adaptado. Mas quem pode adaptar-se ao fascismo senão renegando a sua condição de homem? Quando comecei a fazer clínica na minha vila natal, pressionado por um casamento «precoce» para as realidades burguesas e pela cegueira do meu Pai, bem que tentei adaptar-me! Qual foi o resultado? Levei uma vida de cão, mal ganhando para viver, acorrendo de dia e de noite a quantos pobretanas não tinham outro que lhes acudisse. Logo fui um cachorro branco em ninhada de pretos. Quem precisava, abusou; quem não precisava, perseguiu. Era lá possível que alguém se atrevesse a calcar o risco do cálculo e da hipocrisia.
Mário Sacramento em Diário
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