Infância triste mas encantada
Em casas grandes muito sombrias
Outras crianças não as havia
Os meus amigos? Dois grandes gatos
A luz o vento a água a água
Se alguém tocava velho e roufenho
O gramofone de manivela
Eu perturbava-me e a quem me via
Com lágrimas que não entendia
Havia festas de vez em quando
Eram janelas do paraíso
Lembro os adultos. Como eram estranhos
Como eram estranhos e imprevistos
Como eu sentia que não sei onde
Um outro reino de festa e luz
Inteiramente me pertencia
E só de longe naquelas casas
Naquela gente que me era fria
Muito por alto se reflectia
Alberto de Lacerda em Exílio
Sem comentários:
Enviar um comentário