Estamos todos bem
servidos
de solidão.
De manhã a recolhemos
do saco, em lugar de pão.
Pão é claro que
temos
(não sou exageradão)
mas esta imagem do saco
contendo um pequeno «não»
não figura nesta
prosa
assim do pé para a mão,
pois o saco utilizado,
que pode ser o do pão,
recebe modestamente
a corriqueira fracção
desse alimento que é
tão distribuído, tão
a domicílio como
o leite ou o pão.
Mas esse leitor aí
(bem real!) já diz que não,
que nunca viu no
tal saco
o tal «não».
Ao que o poeta responde,
sem maior desilusão:
– Para dizer a
verdade,
eu também não…
Mas estava confiante
na sua imaginação
(ou na minha…) e
que sentia
como eu a solidão
e quanto ela é objecto
da carinhosa atenção
de quem hoje nos
fornece
o quotidiano «não»,
por todos os meios, desde
a fingida distracção,
até ao
entre-parêntesis
de qualquer reclusão…
Alexandre O´Neill de Abandono Vigiado em No Reino da Dinamarca
3 comentários:
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Simon Durochefor - um mecenas ou um agiota?
Ou ter-se-à enganado no n°. da porta?
Eles nunca se enganam, Seve. Vão mandando barro à parede em busca de incautos. E encontram muitos...
Chegámos a isto!...
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