Estamos sempre em estado de emergência. Ou o raio daquele título do livro do Manuel António Pina: Ainda não é o fim nem o princípio do mundo, calma é apenas um pouco tarde.
Por
vezes temos frio ainda que um maravilhoso sol de Outono nos envolva.
Em
cada final de Verão, ele e o avô pintavam o celeiro. Uma trabalheira. «Oh avô! para quê isto todos os anos este
ritual?» O avô, calmamente: «O
celeiro é da família. Se não formos nós a tratar dele, quem é que o fará?»
Miguel Torga no seu Diário:
« Quando eu era pequeno, havia em casa de
meu pai, no cimo dum lameiro, uma costeira que era só fraga; e meu pai, na vessada,
cavava também aquêle bocado, que nunca deu sequer feijão chícharo. Só com dez
anos de vida, sem conhecer o pavor dos retalhos de tempo, preguntava-lhe eu, já
cansado:
- Mas porque é que cava também isto?
E êle, como quem sabia uma verdade
eterna:
- Para se acabar o dia.»
u era pequeno, havia em casa de meu pai, no cimo dum lameiro, uma costeira que era só fraga; e meu pai, na nunca deu sequer feijão chícharo. Só com dez
1 comentário:
Curiosamente estou a ler o Vol XV dos diários de Torga e à pág. 101, leio esta actualidade:
"Coimbra,6 de Junho de 1989-Imagens televisivas do enterro de Khomeini. Mas, infelizmente, o fanatismo, de que foi agente e símbolo, não coube no caixão."
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