quarta-feira, 1 de setembro de 2021

POR SETEMBRO


Recomeço.

Por Setembro, lembrando sempre o meu pai quando, em plenos calores estivais, dizia: «em Setembro voltamos a ser gente.»

Eugénio de Andrade conhecia Setembro pelo cheiro.

O ar ainda é quente, mas mais lá para a frente, começará a cheirar a Outono, e tardará  pouco para ir ao armário buscar uma lãzinha, talvez se encontrem uns trocos num qualquer bolso também o entusiasmado fumo dos vendedores de castanhas a espalhar-se pela cidade.

Em Setembro, planta, colhe e cava, que é mês para tudo.

Hão-de apanhar-se as uvas e tudo ficará a cheirar a mosto.

Ramo curto, vindima longa.

Cheiros e mais cheiros.

Setembro era também o mês do equinócio, único tempo de Verão em que havia ondas e marés vivas. Para o fim dele, as tardes faziam-se frias e As camisolas ou “pull-overs” eram de uso obrigatório. No fim do mês, choviam as primeiras chuvas e a terra encarnada da Arrábida ganhava um cheiro especial que nunca mais esqueci e que me volta ao nariz de cada vez que oiço a palavra afrodisíaco”, escreveu João Bénard da Costa ele que, por Setembro, como sempre dizia, ia “Arrabidar." 

Sem comentários: