6 de Abril de 1967
Todas
as manhãs me imponho este pensamento, para resistir às vaidades literárias que
tanto desfeiam os homens, maníacos da imortalidade:
Zé Gomes, a
Poesia é mortal. Uma espécie de
respiração que se pega às palavras até às vezes com certa aparência de
eternidade – mas afinal, mal o Poeta morre, acaba por se desvanecer no hálito
do último estertor…
E
então, acredita, por mais que a família, os amigos e os leitores cândidos
teimem e lutem, ninguém consegue deter a transformação das palavras em folhas
secas para o Outono varrer…
Sim,
Zé Gomes: a tua poesia morrerá contigo! Os teus livros não passarão, no futuro,
de cemitérios de palavras ocas…
José
Gomes Ferreira em Dias Comuns, Volume
II
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