segunda-feira, 20 de setembro de 2021

A POESIA É MORTAL!...

6 de Abril de 1967

Todas as manhãs me imponho este pensamento, para resistir às vaidades literárias que tanto desfeiam os homens, maníacos da imortalidade:
Zé Gomes,
a Poesia é mortal. Uma espécie de respiração que se pega às palavras até às vezes com certa aparência de eternidade – mas afinal, mal o Poeta morre, acaba por se desvanecer no hálito do último estertor…

E então, acredita, por mais que a família, os amigos e os leitores cândidos teimem e lutem, ninguém consegue deter a transformação das palavras em folhas secas para o Outono varrer…

Sim, Zé Gomes: a tua poesia morrerá contigo! Os teus livros não passarão, no futuro, de cemitérios de palavras ocas…

José Gomes Ferreira em Dias Comuns, Volume II

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