O
viajante há anos que não saía do seu antro, e entendeu que quando isso
acontecesse, apenas se preocuparia com o que fosse olhar.
Assim
aconteceu.
Por
descargo de alguma consciência levou três livros. Nem lhes tocou.
Não
tem telemóvel, não vislumbrou, ou não quis vislumbrar, jornais para comprar, não se preocupou com televisões mas não lhes conseguiu fugir de
todo.
Apenas,
por montes e vales, algumas tabernas antigas que visitou não tinham a maldita
caixa. Restaurantes onde teve mesmo de entrar, impuseram-lhe o castigo. Sempre
tem pensado se as pessoas que se encontram a uma mesa para comer, beber e,
possivelmente, conversar, estão interessadas em que os restaurantes tenham a
televisão ligada.
Aparentemente
não prescindem do castigo.
Foi
num desses momentos que, de boca num enorme ah! de espanto, reparou no Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, na
inauguração da Feira do Livro do Porto, a botar faladora sobre o estado clínico
do ex-presidente Jorge Sampaio internado de urgência num hospital de Lisboa.
Perante
o insólito, mais uma vez, concluiu que Marcelo, como já adjectivou outras
gentes, está mesmo lelé da cuca.
E
ainda falta tanto tempo para acabar o mandato!...
2 comentários:
Restaurante sem televisão é coisa rara neste país, e, para mal dos nossos pecados, os que a não têem também não têem cozinheiros têem chefs (sem e) o que, à partida, só servirão aqueles pirezinhos com um raminho de salsa em cima a enfeitar e no fim não vem a conta vem sim o Orçamento Geral do Estado...
Também gosto de cozinheiros e desprezo «chefs».
Visitei alguns países europeus, viajei por algum Portugal e admito que possa dizer que não se come melhor do que por aqui. E que em Portugal come-se melhor no norte do que no sul. Nestes dias andei pelo Dão e por Tavira.
Dizem que é pecado, sem qualquer ponta de perdão, ir ao Douro e não visitar a aldeia medieval de Ucanha. Assino por baixo, mas acrescento que pecado maior é visitar Ucanha e não se sentar à mesa da Tasquinha do Matias., onde comi a melhor carne à moda de Lafões que perdurará pelos tempos fora, Sentado na esplanada, olhando a paisagem em redor, sentir o murmúrio do rio e, como estamos tão perto das Caves Murganheira, pecado ainda maior seria não acompanhar aquela carne com espumante Murganheira, que o tolo que sou, afirma, categoricamente, que é melhor que champanhe.
A felicidade é possível, disse um dia Saint-Just.
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