quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

SONETO

Tempo das cerejas agressivas

A avançar pelo meu quarto dentro.

Velho tempo das noites explosivas

Em que o sangue crescia como o vento!

 

Tempo –aproximação das coisas vivas,

Do seu hálito doce, violento.

Tempo – horas e horas convertidas

No outro raro e inútil dum lamento…

 

Tempo como uma ferida no meu lado,

Coração palpitando sobre a lama.

Tempo perdido, sangue derramado,

 

Resto de amor que se deixou na cama

Horizonte de guerra atravessado

Pelo corpo audaciosos duma chama.

 

Alexandre O’Neill em No Reino da Dinamarca 

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