terça-feira, 13 de abril de 2010

ERA DE NOITE E LEVARAM

ORFEU STAT 004

Acompanhamento:
Rui Pato - viola, marimbas e harmónica
Sousa Colaço - 2ª viola
José Fortunato: Cavaquinho
Adacio Pestana: Trompa
Tereza Paula Brito: voz
Capa: Fernando Aroso
Editado em 1969

Lado 1
Bailia - Trovas de Aires Nunes (Séc. XII)/José Afonso
Oh! Que Calma Vai Caindo - Popular/Beira Baixa
S. Macaio - Versão dos Flamengos do Faial
Qualquer Dia - F. Miguel Bernardes/José Afonso
Vai, Maria Vai - José Afonso

Lado 2
Deus Te Salve Rosa - Popular/Trás-os-montes
Lá Vai Jeremias - Popular/Beira Baixa
No Vale de Fuentovejuna - Lope de Vega (versão de Natália Correi)/José Afonso
Era De Noite e Levaram - Luis Andrade/José Afonso
A Cidade - José Carlos Ary dos Santos/José Afonso

Um disco sereno.

É este o disco de José Afonso que mais gosto de ouvir.

Junta temas do concioneiro popular e temas de intervenção política. 

Nesta vertente destacam-se “Era de Noite e Levaram”, poema de Luís Andrade, que denuncia as investidas da Pide, madrugada dentro, pelas casas dos que se opunham à ditadura: era de noite e levaram quem nesta cama dormia e “Já o Tempo se Habitua": nem o voo do milhano ao vento leste nem a rota aa gaivota ao vento norte nem toda a força do pano todo o ano quebra a proa do mais forte nem a morte.Contudo, "A Cidade”, um poema de José Carlos Ary dos Santos, é, possivelmente, a canção mais bonita deste sereno álbum de José Afonso.

Serenidade já patente na própria capa, uma terna fotografia de José Afonso, ajudando a filha Joana a desenhar.


"A Cidade"

A cidade é um chão de palavras pisadas
a palavra criança a palavra segredo.
A cidade é um céu de palavras paradas
a palavra distância e a palavra medo.

A cidade é um saco um pulmão que respira
pela palavra água pela palavra brisa
A cidade é um poro um corpo que transpira
pela palavra sangue pela palavra ira.

A cidade tem praças de palavras abertas
como estátuas mandadas apear.
A cidade tem ruas de palavras desertas
como jardins mandados arrancar.

A palavra sarcasmo é uma rosa rubra.
A palavra silêncio é uma rosa chá.
Não há céu de palavras que a cidade não cubra
não há rua de sons que a palavra não corra
à procura da sombra de uma luz que não há".



2 comentários:

ié-ié disse...

Acaso tens o 1º LP?

LT

Sammy, o paquete disse...

Se te referes a "Baladas e Canções" não o tenho em vinil, apenas em CD.