outrora foi aqui uma casa,
neste lado onde, nos anos da destruição, as mulheres sós
cantaram com voz doce,
o pão das primaveres breves.
neste lado onde, nos anos da destruição, as mulheres sós
cantaram com voz doce,
o pão das primaveres breves.
outrora aqui foi a casa e uma terra de paixão,
quando era a ceifa,
neste lado onde, num outubro de silêncio, regressámos
para morrer,
malditos e quase nus;
quando era a ceifa,
neste lado onde, num outubro de silêncio, regressámos
para morrer,
malditos e quase nus;
era um lugar de fascínio este, verde e terrível nos
invernos violentos,
quando os exércitos regressavam dos continentes
desolados, depois do extermínio.
invernos violentos,
quando os exércitos regressavam dos continentes
desolados, depois do extermínio.
quem canta agora, à volta da casa que havia,
quase na margem sem nome,
quem canta entre as árvores estéreis,
onde a vida se despede?
quase na margem sem nome,
quem canta entre as árvores estéreis,
onde a vida se despede?
mais além começa a estrada,
a que se alonga através da poeira vermelha,
a estrada que vai para longe,
onde nunca chegaremos.
a que se alonga através da poeira vermelha,
a estrada que vai para longe,
onde nunca chegaremos.
já partiram um dia as embarcações guerreiras, as
mulheres do trigo em
setembro
os viajantes enlouquecidos.
setembro
os viajantes enlouquecidos.
há muito que o vento deixou de varrer a encosta,
inclinando as vinhas, as urzes, os frutos e a solidão do
caminhante do meio-dia;
inclinando as vinhas, as urzes, os frutos e a solidão do
caminhante do meio-dia;
era então o vento seco, nem sempre frio, o vento
estrangeiro
que não vinha do norte, mas do sul,
algures na planície antiga.
que não vinha do norte, mas do sul,
algures na planície antiga.
outrora aqui foi a casa, o vale sereno de antes da
destruição,
quando todos partiram para as incendiadas terras do mundo
enquanto, deste lado, numa estação de silêncio, os homens
que fomos,
vencidos e calmos,
regressamos para morrer.
quando todos partiram para as incendiadas terras do mundo
enquanto, deste lado, numa estação de silêncio, os homens
que fomos,
vencidos e calmos,
regressamos para morrer.
José
Agostinho Baptista deste lado onde
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