segunda-feira, 17 de novembro de 2014

NÃO SENTIA A FALTA DE UM CAMINHO DE FERRO


Quando se vive no interior normalmente sente-se falta do mar... sente-se falta do que está mais distante.
 Ele não, sentia falta de um caminho de ferro, de ver chegar e partir comboios que deixavam e levavam pessoas, e também dos outros de mercadorias, que demoravam uma eternidade a passar. Sabia porque contara uma vez as carruagens, quando foi à cidade grande, enquanto esperava pela composição que o traria de regresso a casa. A automotora puxava nada mais nada menos que 36 carruagens...
 Quando olhava para trás, não tinha dúvidas que tinha sido um rapaz estranho, demasiado curioso por tudo o que o rodeava. Devia ser por isso que era bom a  fazer perguntas que incomodavam os adultos, quase sempre por não terem respostas...
 Hoje quando volta ao lugar onde cresceu, sorri quando pensa nas coisas que pensava que lhe faltavam na infância, especialmente as respostas que nunca recebeu dos adultos...

 Luís Eme no Largo da Memória

Legenda: não foi possível identificar o autor/origem da fotografia.

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