domingo, 17 de dezembro de 2017

OLHAR AS CAPAS


O Enigma daVirgem de Ferro

John Dickson Carr
Tradução: Emílio Correia Ribeiro
Capa: Cândido Costa Pinto
Colecção Vampiro nº 79
Livros do Brasil, Lisboa s/d

O gabinete de trabalho do velho lexicógrafo corria a todo o comprimento da pequena vivenda. Era uma sala barrotada, a alguns metros abaixo do nível da porta, e as janelas da parte detrás, tinham gelosias e recebiam a sombra de um teixo, cujas ramadas brilhavam, agora, à luz do sol poente.
Existe algo de especial na beleza profunda e sonolenta do campo inglês; na relva verde-escura luxuriante, nas sempre-vivas, na torre pontiaguda e pardacenta da igreja, e na estrada branca e coleante. Para um americano que recorda as grandes rodovias alcatroadas do seu país, cheias de postos vermelhos de abastecimento e dos vapores do tráfego, o campo, na Inglaterra, tem sempre uma nota de encanto. Sugere um local onde toda a gente pode andar à vontade, até mesmo no meio da estrada. Tad Rampole olhava os raios do sol filtrados pelas ripas das gelosias, e as bagas vermelho-escuras brilhando no teixo, com um sentimento que só pode sentir, quem viaja nas Ilhas Britânicas. Uma sensação de que a terra é velha e enfeitiçada e uma impressão de realismo em todas as imagens fugidias e materializadas por uma ordem de magia. Mas esta velha terra britânica parece (incrìvelmente) mais velha ainda que as suas torres revestidas de trepadeiras. Os sinos, ao ocaso, parecem os sinos de todos os séculos. Há uma quietação profunda, por onde vagueiam os fantasmas e Robin Hood ainda não se afastou daquelas paragens.

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