O Enigma daVirgem de Ferro
John Dickson
Carr
Tradução: Emílio
Correia Ribeiro
Capa: Cândido
Costa Pinto
Colecção Vampiro
nº 79
Livros do
Brasil, Lisboa s/d
O gabinete de trabalho do velho lexicógrafo corria a
todo o comprimento da pequena vivenda. Era uma sala barrotada, a alguns metros abaixo
do nível da porta, e as janelas da parte detrás, tinham gelosias e recebiam a
sombra de um teixo, cujas ramadas brilhavam, agora, à luz do sol poente.
Existe algo de especial na beleza profunda e sonolenta
do campo inglês; na relva verde-escura luxuriante, nas sempre-vivas, na torre pontiaguda
e pardacenta da igreja, e na estrada branca e coleante. Para um americano que
recorda as grandes rodovias alcatroadas do seu país, cheias de postos vermelhos
de abastecimento e dos vapores do tráfego, o campo, na Inglaterra, tem sempre
uma nota de encanto. Sugere um local onde toda a gente pode andar à vontade,
até mesmo no meio da estrada. Tad Rampole olhava os raios do sol filtrados
pelas ripas das gelosias, e as bagas vermelho-escuras brilhando no teixo, com
um sentimento que só pode sentir, quem viaja nas Ilhas Britânicas. Uma sensação
de que a terra é velha e enfeitiçada e uma impressão de realismo em todas as
imagens fugidias e materializadas por uma ordem de magia. Mas esta velha terra
britânica parece (incrìvelmente) mais velha ainda que as suas torres revestidas
de trepadeiras. Os sinos, ao ocaso, parecem os sinos de todos os séculos. Há
uma quietação profunda, por onde vagueiam os fantasmas e Robin Hood ainda não
se afastou daquelas paragens.
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