domingo, 17 de dezembro de 2017

POSTAIS SEM SELO


Há quanto tempo não recebo postais. Uma carta de vez em quando, papelada da agência, das editoras, dos tradutores mas postais, postais-postais, népia. E aqueles que andam por aí, sei lá porquê, não me mandam nenhum. Ou mandam-se a si mesmos e acham que chega. E, em certo sentido, chega. Mas umas palavrinhas, num cartão, caíam bem, há alturas em que umas palavrinhas num cartão caíam bem. Não sei porquê mas caem bem.

António Lobo Antunes em Quinto Livro de Crónicas

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