terça-feira, 19 de dezembro de 2017

PAISAGEM VERDADEIRA


O verde tenro e vivo, de folhagem,
presépio dos meus sonhos, em menino,
pôs-se de luto a par do meu destino,
cego-me a vê-lo imagem de miragem.

Quando, iludido, o busco na ramagem,
já com seus tons mais brandos não atino.
E nesta escuridão, só me ilumino
vendo-o compor-me interior da paisagem.

Paisagem de ouro verde, que de mim
sai alongada em foco para a terra
a procurar vencer-lhe a cerração.

E onde num crepúsculo sem fim
tonta, a esperança, esvoaçando, erra
sobre torres de encanto e de traição!

Edmundo de Bettencourt, poema tirado da Antologia Natal… Natais

Sem comentários: