Inverno lactescente, adormecido
Querer, noite encantada
Já não sinto, porém, aquele amor,
Nem a vida sonhada
Tudo se foi, pouco nos resta,
Ilhas não há. Montanhas só no espírito
Se elevam, distantes e coroadas pela solidão.
No muro da minha alma há uma fresta.
Por ela entra o vento e a multidão
Das vozes e dos signos.
Quando a certeza chega, o coração
Lança de si os trajes mais indignos
E entra, sorrindo, na festa.
Ruy Cinatti, poema retirado da Antologia Natal… Natais.
Legenda:
fotografia de Savas Kazantzides
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