domingo, 10 de julho de 2022

ESPERAR QUE A CHUVA CAIA DE NOVO


Na sua Poesia II, José Gomes Ferreira deixou este grito:

 Os filhos dos nossos filhos hão-de insultar-nos: «covardes! Que nos deram um planeta sujo!»

 Todo o mundo tem vindo a borrifar-se para o mesmo mundo em que vive.

Os constantes alertas que a Natureza tem revelado, não fizeram com que esse mesmo mundo olhasse, de maneira diferente, para o futuro deste mesmo mundo.

As catástrofes têm sido as mais variadas e trágicas.

Vai ser tarde, muito tarde mesmo, para que os homens ainda possam fazer qualquer coisa para salvar o planeta.

Portugal vive uma seca severíssima, a pior desde 1931, dizem os especialistas.

Governantes e autarcas sussurram pelas esquinas de que é urgente uma forte campanha para promover um uso mais eficiente da água.

Temos de nos habituar a viver com menos água, ouve-se.

Talvez deixar de regar os campos de golfe, talvez deixar de encher as piscinas, talvez… talvez...

E não podemos esquecer que ainda há portugueses que vivem sem água em casa, outros nem água, nem casa!...

Este tempo de seca, faz-me lembrar Asa Branca, canção do nordeste brasileiro, composta,em Março de 1947, por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, que, dizem os compêndios, tem versões de mais de 300 cantores e músicos.

Não as ouvi todas as versões, mas guardo a de Caetano Veloso, uma versão lindíssima, em que conseguimos vislumbrar esse inferno nordestino, onde até asa branca tem de fugir do sertão.


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