segunda-feira, 25 de julho de 2022

OLHAR AS CAPAS


  

A Floresta em Bremerhaven

Olga Gonçalves

Livraria Bertrand, Lisboa, 1998

A minha mãe! Mulher da monda, mulher da ceifa, mulher da cava do milho. Mulher de trabalho, mulher limpa, que se algum se lhe chegasse, levava lampada. Dezasseis filhos, todos do mesmo homem - mulher que não conheceu o paladar doutro. Quando me ponho a lembrar a nossa casa! Era mesmo ali, metida nas rochas, ao pé do porto. Era só uma casa, o repartimento que tinha era só umas sacas feita em parede. Dois, dois repartimentos. Um onde a gente dormia mais os meus pais, o outro onde a gente fazia a cozinha. Era muito escuro lá dentro. Quando se acendia o lume, era muito fumo e aquele cheiro à morraça. Era, era assim a nossa casa. Ai sorte! O que um homem padece desde que nasceu!

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