A Floresta em Bremerhaven
Olga Gonçalves
Livraria Bertrand,
Lisboa, 1998
A minha mãe! Mulher da monda, mulher da ceifa, mulher da cava do milho.
Mulher de trabalho, mulher limpa, que se algum se lhe chegasse, levava lampada.
Dezasseis filhos, todos do mesmo homem - mulher que não conheceu o paladar
doutro. Quando me ponho a lembrar a nossa casa! Era mesmo ali, metida nas
rochas, ao pé do porto. Era só uma casa, o repartimento que tinha era só umas
sacas feita em parede. Dois, dois repartimentos. Um onde a gente dormia mais os
meus pais, o outro onde a gente fazia a cozinha. Era muito escuro lá dentro.
Quando se acendia o lume, era muito fumo e aquele cheiro à morraça. Era, era assim
a nossa casa. Ai sorte! O que um homem padece desde que nasceu!
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