Há um estudo que
mostra que a quantidade de informadores da PIDE era tão grande que quase metade
da população portuguesa era constituída por informadores. Muitos ainda andarão
por aí.
A maior parte seria
salazarista, mas outros actuaram como vingança sobre pessoas de que não
gostavam: vizinhos, familiares.
As denúncias dos
informadores levaram à prisão pessoas que nada tinham a ver com nada, mas
outros redundaram na prisão de militantes
que lutavam pela Liberdade e acabaram por ser julgados nos Tribunais Plenãrios.
O poema reproduzido
acima é da autoria de José Carlos de Vasconcelos e pertence ao livro «Poemas Para a Revolução». O poeta lembra os juízes dos tribunais plenários, e
pergunta: «que direis no dia do vosso julgamento?»
Nada disseram porque deles não se fez qualquer
julgamento.
Deles, dos pides, de todas as ratazanas que, durante,
perto de meio século, nos infernizaram a vida.
Provavelmente, muitos deles continuaram, não naquelas
funções, mas noutras, as suas vidinhas na justiça. Hoje, por ventura, ainda
gozam chorudas reformas, bons carros, casas na praia, nada lhes perturba o sono
pela simples razão de não serem gente… apenas isso…
Como puderam estes abutres julgar homens?
Homens que apenas lutavam por um país limpo.
Que foi feito dos abutres?
Sim, somos homens de justiça e não de vingança, mas foi
um crime deixá-los impunes!
As sombras que envolvem, hoje, a nossa justiça, tiveram
gente desta como eventuais mentores, disciplinadores.
A perpetuação da ditadura verificou-se, durante tanto
tempo, porque muitas foram as instituições que a protegeram: forças armadas,
pide, censura, tribunais plenários.
E o medo, sim o medo.
Era terrível a nossa vida, mas grande parte da população, com a sua inércia, com o seu medo, permitiu que aqueles monstros sobrevivessem, se multiplicassem.
1 comentário:
Mas "eles" continuam a pulular/roubar/vigarizar/corruptar por aí e sempre impunes. A corja é da família. E democratas se dizem...
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