As férias, os
livros para férias, vistos por Agustina Bessa-Luís no seu Caderno
de Significados:
1.
Desde os dez e os quinze anos, nós
imitamos a despreocupação, mas não a vivemos nunca mais. As férias dos adultos
são a consagração das suas neuroses. Sendo assim, escolhemos para as um livro
que não lemos, traçamos um plano que nos fatiga, compramos coisas que não nos
interessam, achamos admiráveis as paisagens que mais dispensamos. E por fim
aborrecemos os outros dizendo-lhes como nos divertimos; porque a alegria não se
transacciona, e toda a gente sabe isso. Está dito que eu não gosto de férias.
2.
Um livro para férias não deve ser
escolhido. O que se escolhe serve à personalidade, e as férias são o pretexto
para sermos impessoais, fazer o que muitos fazem, ir para onde muitos vão.
Pegue num livro que não pese mais de 200 gramas e leve-o consigo. Leia três
páginas, esqueça-o na gare ou no banco das termas, na praia ou no restaurante,
e aí, sobretudo, aí tenha a certeza que é o bom livro para férias; se você não
tiver pena de o ter perdido.
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