domingo, 6 de agosto de 2023

O FINDAR DA FESTA


 Podem vir pela fé, mas também vêm pela festa, pelo convívio, e isso não constitui mal algum porque ter fé, para os crentes, também é uma festa.

A organização da Festa da Juventude colocou palcos em Lisboa para que a festa se expressasse pela música, pela dança. Guy Debord, no seu livro A Sociedade do Espectáculo – onde pára o meu livrinho editado pela Afrodite do louco Fernando Ribeiro de Mello, capa cinzenta, emprestado a alguém que não mais o devolveu ao seu espaço na Biblioteca da Casa? – afirmava que as sociedades contemporâneas são sociedades do espectáculo. A igreja, se não quer ficar longe de rasgados horizontes, não pode ficar fora desse espectáculo!

Acompanhei à distância a visita do Papa e não me abalancei para grades multidões.

Este é o palco colocado na Alameda e que durante os dias e as noites manteve a zona num corrupio de alegria.

A fotografia, tirada pela minha velha maquineta comprada, ainda numa loja de 300, registou, manhã de domingo, o desmanchar do palco.

Ainda na Alameda, uma jovem descansa, olhando as fotografias destes dias tiradas pelo telemóvel, ou um outro tipo de olhar.


Linha vermelha, estação Alameda, um grupo de peregrinos enceta um qualquer caminho de regresso.

Num outro plano, uma esplanada de um pequeno café junto ao Mercado de Arroios e uma jovem,  mochilas no chão, contacta, perto ou longe, alguém.

Ainda é manhã mas já um baforada de calor que lá para a tarde, dizem os especialistas, atingirá os 40º de temperatura.

O fim da Festa.

Sente-se alguma tristeza.

Aquela tristeza cinzenta que fica no fim das garrafas vazias de que falava o Baudelaire.

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