Bom dia, memória.
Primeiro vão-se as memórias, depois as ligações. Ou
vice-versa. É assim que se morre.
A segunda frase neste texto não é minha.
Não sei quem a escreveu, onde a li.
Se pudéssemos arrumar as memórias numa caixa de
cartão, onde guardamos tantas outras coisas…
A demência chegou a António Lobo Antunes.
Tem chegado a tantos e tantos outros.
Lembremos Gabriel García Márquez.
Na livraria estive a folhear o livro «Gabo e Mercedes» que um dos filhos de
Garcia Márquez e a sua mulher Mercedes escreveram sobre Gabo.
Calhei na parte da história em que se escreve sobre o
internamento hospitalar do escritor, na cidade do México, corria o ano de 2004,
com um cancro em fase terminal, e o seu regresso a casa para morrer.
Tinha então 87 anos, em 2004 publicara o seu último
romance «Memórias das Minhas Putas Tristes»
Levo o livro, não levo.
Tenho quase 80 anos.
Apercebi-me ultimamente que me tornei sensível a
certas coisas e, como tarefa diária, resolvi poupar-me.
Lentamente, fui pousando o livro no escaparate da
livraria.
Tristemente, saí para a rua… E chovia…
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