O meu neto mais velho comprou bilhete para o Teatro
Aberto.
Mas perdeu-se no tráfego e chegou 15 minutos atrasado.
Não o deixaram entrar.
Aos filhos e aos netos fui lembrando o que o meu avô,
largas vezes, me foi dizendo: «Se te marcam encontro para uma qualquer hora,
estás 10 minutos antes!»
Espero bem que o meu neto tenha aprendido, de vez. a
lição.
Sobre a não entrada, fora de horas, nos teatros, andei
à procura de um texto, não publicado, guardado por aí.
Remonta a Novembro de 2003.
Aqui fica.
«Veio nos jornais que houve gente escandalizada por ter sido impedida de entrar no teatro para ver a peça “Sete Minutos” que é ponto de partida de um actor que é interrompido por um telemóvel enquanto interpreta Macbeth, que levanta questões sobre o comportamento dos espectadores, chegando tarde, atendem telemóveis ou veem mensagens.
António Fagundes, actor brasileiro,
esteve em Lisboa e no Porto, para apresentar a peça.
À hora do espectáculo começar, as portas
fecharam e os retardatários não puderam entrar, tal como acontece em países
civilizados em que há o respeito pelos autores e pelos actores.
O «jet-set» ficou indignado e houve quem
murmurasse, ou dissesse em alta voz: «estes tipos vêm do Brasil e quem pensam
que são?!»
Chegam tarde ao teatro, ao cinema, aos concertos. Não é a arte, a cultura que os move antes o espectáculo pífio do chocalhar das jóias, do espanejar dos vestidos, das peles, das conversas de chacha.
Jorge Silva de Melo, sobre «Histórias do público, segundo os artistas», num inquérito no Público, de que não tenho data, já abordara o assunto.
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